O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou, nesta quarta-feira (30), que ainda está em debate com o ministro da Justiça, Anderson Torres (foto), sobre a possibilidade dele voltar à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF). “Estamos conversando”, disse ao g1.
O homem forte do governo de Jair Bolsonaro (PL) pediu para voltar ao cargo que ocupou até março de 2021, quando assumiu o Ministério da Justiça, segundo o blog da jornalista Andréia Sadi. O atual secretário de segurança pública do DF, Julio Danilo, confirmou ao blog que vai deixar o cargo “se nada mudar”, em meados de dezembro.
Nos bastidores, entre a equipe de transição e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF ), a volta de Torres ao comando da segurança pública do Distrito Federal é vista como um fator de instabilidade e risco para a segurança para a posse de Lula e de todos os Poderes, principalmente o Judiciário.
As polêmicas de Torres
O ministro da Justiça é peça-chave das principais polêmicas e crises do governo Bolsonaro junto ao Judiciário e, também, durante a eleição presidencial. No dia do 2º turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) – que fica na alçada do Ministério da Justiça – parou centenas de ônibus que transportavam eleitores, principalmente no Nordeste, onde Lula tem ampla vantagem.
Torres também esteve com Bolsonaro na tática de criar factoides com pedidos para investigar institutos de pesquisa e as inserções de rádio da propaganda eleitoral do presidente.
Durante os bloqueios golpistas em rodovias ocorridos após as eleições, o ministro da Justiça fez – na visão de ministros do STF – ”jogo duplo”: a integrantes da Corte, dizia que as polícias sob sua alçada não tinham efetivo suficiente para superar a crise. A justificativa, porém, foi vista como uma jogada do governo Bolsonaro para tentar colocar militares nas ruas, confundindo a população com a imagem de fardados em meio a manifestações ilegais.
E, quando o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), aliado de Bolsonaro, atacou policiais federais ao resistir a uma ordem de prisão expedida pelo STF, Torres foi escalado pelo presidente para ir ao local. Só desistiu por receio de ser investigado por prevaricação.