Equador quer leiloar 3 milhões de hectares de Floresta Amazônica a petrolíferas chinesas

O Globo, com agências internacionais 

 O Equador pretende leiloar a companhias petrolíferas chinesas mais  de três milhões de hectares de Floresta Amazônica, informou nesta quarta-feira o  jornal britânico “The Guardian”. Segundo a publicação, um grupo de políticos  equatorianos foi à China negociar contratos com representantes das companhias no  hotel Hilton do centro de Pequim, como parte de um roadshow para  promover as licitações. Outros encontros teriam ocorrido em Houston, nos EUA, e  em Paris, onde os participantes enfrentaram protestos de grupos indígenas. Entre  as petrolíferas chinesas, havia representantes da China Petrochemical e da China  National Offshore Oil.

— O Equador quer estabelecer uma relação de benefício mútuo, do tipo “ganha-ganha” — defendeu o embaixador do Equador na China.

Segundo a organização não governamental Amazon Watch, que fica na Califórnia,  nos Estados Unidos, sete grupos indígenas da região argumentam que não  consentiram o estabelecimento dos projetos de petróleo em suas terras.

“Pedimos às empresas públicas e privadas de todo o mundo que não participem  do processo de licitação que viola de forma sistemática os direitos de sete  etnias indígenas ao impor projetos de petróleo a seu território ancestral”, escreveu um grupo de associações indigenistas em carta aberta há alguns  meses.

O secretário de Hidrocarbonetos do Equador, Andrés Donoso Fabara, por sua  parte, acusa os representantes indígenas de falarem em nome de suas comunidades  com fins políticos. Ele informou que o governo decidiu por não licitar  determinados blocos do território por falta de apoio das comunidades locais.

— Estamos amparados pela lei se quisermos agir com a força e promover as  atividades, mesmo que eles sejam contra — afirmou Fabara ao “The Guardian”. — Mas essa não é nossa política.

A Amazon Watch defende que o acordo vai violar a própria política chinesa  para novos investimentos, anunciada no mês passado, que promete respeitar as  comunidades locais e o meio ambiente em operações fora do país. Críticos dizem  que a dívida do Equador com a China pode ser um dos fatores que impulsionam o  negócio.

O Equador deve à China mais de US$ 7 bilhões, o que representa mais de 10% de  seu Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos). Desde  2009, os empréstimos chineses são recompensados com carregamentos de  petróleo.

— Acredito que seja mais do que uma questão de dívida. É porque os  equatorianos são tão dependentes dos chineses para financiar seu desenvolvimento  que estão cogitando comprometer áreas como a social e o  desenvolvimento.

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