Após visita, distrital defende intervenção federal no Hospital de Ceilândia

A presidente da Comissão de Saúde da Câmara Legislativa do DF, deputada Liliane Roriz (PSD), afirmou na manhã desta terça-feira (23) que pedirá nas próximas horas a intervenção da unidade hospitalar ao Ministério da Saúde. A decisão ocorre após a parlamentar ter visitado a UTI Neonatal do Hospital Regional de Ceilândia, onde foi registrada oficialmente a morte de sete bebês nos últimos dezoito dias. A suspeita seria infecção pela bactéria seratia.

 A parlamentar ingressará também com representação contra o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. A justificativa da distrital para as deliberações é a notória falta de capacidade do governo local em impedir novos óbitos, visto que, durante a visita à unidade, ouviu dos próprios servidores do HRC que faltam médicos especialistas e até material hospitalar (como vidro para a realização da cultura, exame para detectar a infecção pela bactéria).

 A Secretaria de Saúde chegou a interditar na última semana a unidade de alto risco do Hospital de Ceilândia para desinfecção, mesmo assim outras duas crianças morreram no fim de semana. O órgão afirma que a UTI teria sido reaberta, mas não foi o constatado pela deputada Liliane Roriz em visita ontem. Segundo servidora da unidade, a secretaria não tinha previsão para reabrir a UTI de alto risco.

 A deliberação da parlamentar irritou o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT).  Médico, o petista ironizou a decisão da oposicionista. “Um deputado entende tanto de bactéria quanto um jegue entende de religião”, declarou. O governador afirmou ainda que tudo já foi feito para conter novos óbitos.

 Ao tomar conhecimento, Liliane Roriz repudiou as declarações do chefe do Executivo. “É lamentável a postura desse governante, mas ela só reflete seu grande desrespeito não apenas com os poderes constituídos da democracia, mas principalmente com o sofrimento das várias famílias que perderam suas crianças”. Para ela, Agnelo se equivoca com a comparação: “Com todo respeito, mas jegue, na verdade, é um animal que não se comove com mortes”, disse.

 Liliane também descartou que a culpa das mortes seja exclusivamente dos servidores da unidade. “Pelos relatos que colhemos durante a visita, o que falta ali é investimento e atenção da Secretaria de Saúde. Os funcionários fazem de tudo para atender os pacientes, mas é difícil de trabalhar com a total falta de estrutura nos hospitais”, defendeu.

 Índice

Segundo Liliane Roriz, o Distrito Federal já foi uma das unidades da Federação com menor índice de mortalidade do País. “Chegamos a alcançar uma taxa de 12,6 mortes por mil nascimentos em 2010. Somente nos últimos 20 dias e em apenas um hospital já chegamos a praticamente 10 mortes e isso é assustador”, afirmou ela.

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