Capriles: ‘Há um presidente ilegítimo no país’

 O candidato da oposição, Henrique Capriles, afirmou nesta  segunda-feira que a Venezuela tem um presidente ilegítimo, exigindo uma  recontagem total dos votos. Nas eleições presidenciais de domingo, o presidente  Nicolás Maduro venceu Capriles por 1,6 ponto percentual, mostrando uma sociedade  ainda mais dividida após a morte de Hugo Chávez. Durante uma coletiva de  imprensa na tarde desta segunda-feira, o candidato disse que “se a juramentação  de Maduro for realizada na tarde desta segunda-feira, de maneira covarde, ele  será um presidente ilegítimo”. E afirmou que a crise política que tomou o país  se resolve voto a voto.

Capriles ainda denunciou fraudes que ainda estariam acontecendo em algumas  seções eleitorais. E pediu que os venezuelanos se manifestassem nas ruas com  “panelaços”, exigindo a recontagem dos votos.

– Não se trata de Caprlles, trata-se da Venezuela. Trata-se de respeitar a  voz do povo. Chegaram informações de algumas urnas que foram movidas de um lugar  ao outro. Esta é a hora da Pátria, de garantir a soberania e a vontade  expressada pelo povo. Não se pode perder atas eleitorais. Estão tentando levar  as provas.

Mais cedo, pelo Twitter, o candidato já havia anunciado que iria exigir a  recontagem de votos:

“O povo tem direito de auditar as eleições e que se conheça a verdade. Até  que se conte cada voto, há um presidente ilegítimo e assim o denunciamos ao  mundo”, escreveu Capriles no Twitter. “Vamos falar a toda a nossa Venezuela as  ações que serão tomadas. Peço apoio de todos”.

O governo venezuelano informou nesta segunda-feira que Maduro vai ser  proclamado o vencedor das eleições presidenciais numa cerimônia nesta tarde,  apesar dos pedidos de recontagem total dos votos feitos pela oposição, que  apontou irregularidades na votação de domingo. A mídia estatal está pedindo para  os eleitores comparecerem ao centro de Caracas às 14h (15h30m no Brasil) desta  segunda-feira para comemorar a vitória e o anúncio do Conselho Nacional  Eleitoral.

O CNR ainda não se pronunciou sobre a recontagem, após Maduro vencer por uma  margem de menos de dois pontos percentuais. A euforia dos venezuelanos que foram  às ruas celebrar a vitória do herdeiro político de Hugo Chávez contrasta com o  sentimento de parte dos chavistas, preocupados com a força da oposição, que no  pleito de domingo reconquistou a vantagem perdida em oito estados e 11 capitais  na última eleição, lançando dúvidas se o chavismo poderá sobreviver sem a  presença de Hugo Chávez.

Opositor saiu vitorioso em vários estados

Segundo o primeiro boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ainda que  Henrique Capriles tenha perdido a batalha nacional por uma diferença mínima de  235 mil votos, o líder da oposição ganhou um terreno enorme no âmbito regional  ao sair vitorioso em oito dos estados mais povoados. A oposição reconquistou os  estados Anzoátegui, Bolívar, Miranda, Nueva Esparta, Lara, Táchira, Mérida e  Zulia. Repetiu a conquista de outubro passado em Los Andes e recuperou espaços  importantes que eram antigos bastiões dos opositores, de acordo com informações  do jornal venezuelano “El Nacional”.

O avanço pelo interior do país, no entanto, não desanimou Capriles de ainda  lutar pelo Palácio de Miraflores. Poucos minutos após o anúncio da vitória de  Maduro, o candidato da oposição não reconheceu o resultado das eleições e  afirmou que espera a recontagem de votos pelo CNE. Maduro teve 50,66% dos votos,  contra 49,07% de Capriles, que denunciou mais 3.200 irregularidades durante as  eleições.

O chefe do comando da campanha chavista, Jorge Rodríguez, assegurou, porém,  que a proposta feita por Capriles é “inviável” e pediu que a oposição reconheça  a “pequena diferença” obtida pelo candidato governista. Segundo ele, uma  auditoria não prevê uma nova apuração de todos os votos, indicando que isso  poderia ser feito somente onde houve denúncias de irregularidades:

– Auditoria não significa contar os papeis um por um – afirmou Jorge  Rodríguez.

A vitória com gosto de empate também foi sentida pelos chavistas dentro do  Palácio de Miraflores, que celebraram a eleição de Maduro com um “ar de  tristeza”, segundo o jornal “El Mundo”. O herdeiro de Chávez terá agora de  enfrentar desafios políticos e econômicos, denúncias de corrupção, protestos da  oposição, críticas internas e tentar manter a unidade do chavismo que será  colocada à prova. Informações de O Globo, com agências internacionais.

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