Relator e líderes anunciam o sepultamento da reforma política na Câmara

 Por falta total de acordo, nem mesmo o único ponto da reforma  política que entrou na pauta de votações da Câmara na noite desta terça-feira  conseguiu ser votado. Para mostrar que cumpriria sua palavra de pautar,  independentemente de acordo, a reforma política, o presidente da Câmara,  Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), incluiu na pauta de hoje a votação de proposta  emenda constitucional (PEC) que estabelece a coincidência de mandatos nos três  níveis, para que as eleições coincidam. Na reunião de líderes realizada na tarde  de hoje, este foi o único tema que teve mais acordo entre os líderes.

– A montanha pariu um cuco que anuncia a hora das votações. É fingir que  estamos votando a reforma política – criticou o deputado Chico Alencar  (PSOL-RJ)

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), avisou que a legenda era contrária ao teor  da emenda:

– Vamos votar contra a coincidência dos mandatos, isso veio da ditadura, do  atraso.

O PT, contrário à votação de apenas um dos pontos defendidos pelo relator da  reforma, deputado Henrique Fontana (PT-RS), anunciou que boicotaria a votação da  PEC da coincidência dos mandatos. Na semana passada, Fontana fez um apelo aos  colegas para que não obstruíssem a votação das propostas. Em seu relatório o  petista incluiu temas polêmicos como a adoção do financiamento público exclusivo  das campanhas eleitorais. O relatório dele, no entanto, foi rejeitado pela  maioria dos líderes da Casa.

– O PT é contra votar apenas essa PEC, somos a favor de uma reforma de fato – justificou o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP).

Fontana foi à tribuna nesta terça-feira para criticar o “sepultamento” da  reforma política. Segundo ele, seu relatório tentou encontrar uma solução  intermediária, mas mesmo assim não houve sensibilidade dos líderes para que o  debate fosse feito no plenário. O presidente Henrique Alves concordou com  Fontana e enfatizou que a decisão de não votar a reforma política foi de todos  os líderes partidários.

– A frustração de Vossa Excelência é do tamanho da minha – disse Henrique  Alves.

Os peemedebistas defenderam Henrique Alves e criticaram a decisão de obstruir  a votação da emenda.

– Fica mal para Casa, quando se trata de reforma política, fazemos o  proselitismo, mas não somos capazes de votar – afirmou o deputado Leonardo  Picciani (PMDB-RJ)

Na tarde desta terça-feira, depois de reunião, Henrique Alves reconheceu a  falta de entendimento e de vontade dos líderes partidários para a votação da  reforma política e justificou a decisão de colocar apenas a emenda  constitucional que estabelece a coincidência de mandatos eletivos

Segundo Henrique, para avocar ao plenário a votação de emenda constitucional  e do projeto que não passaram pelas comissões seria preciso que os líderes  concordassem com a votação em regime de urgência, o que não aconteceu.

– Não ficará restrito a isso, é apenas o começo. Há quantos anos ouço que a  reforma política é prioridade? Essa Casa tem que começar a votar o que puder.  Será o início da reforma, mas há muitos que não querem votar e ameaçam obstruir  até mesmo essa emenda – argumentou Henrique Alves.

De acordo com a emenda constitucional, que tem como relator do deputado e  líder do PSD, Eduardo Sciarra (SC), os prefeitos eleitos em 2016 teriam mandatos  de seis anos. com isso, a partir de 2022 o país faria eleições para todos os  cargos: presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais,  governadores, prefeitos e vereadores. O projeto também estabelece que a posse  dos eleitos para cargos executivos acontecerá no primeiro dia útil do ano  subsequente. Informações de O Globo.

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