A princesa Cristina, filha mais nova do rei da Espanha, Juan Carlos, foi acusada nesta quarta-feira no caso Nóos pelo juiz que investiga uma suposta trama de desvio de fundos públicos na qual seu marido, Iñaki Urdangarin, está envolvido. O juiz determinou que a princesa se apresente na justiça em 27 de abril, informou nesta quarta-feira o Tribunal Superior de Justiça das Ilhas Baleares.C
A declaração da infanta será realizada em Palma de Mallorca, no julgamento do caso sobre o suposto desvio de mais de seis milhões de euros de fundos públicos para o Instituto Nóos, que foi presidido por vários anos por seu marido.
Segundo o juiz responsável, há indícios de que o parantesco da infanta com o rei foi utilizado por Urdangarin e seu sócio, Diego Torres, nas atividades do instituto, o que poderia constituir uma “cooperação necessária” ou “cumplicidade” de Cristina nos delitos cometidos.
O magistrado disse que não esclarecer se a infanta sabia do uso que Urdangarin fazia da presença da infanta como integrante do conselho do Instituto Nóos e como detentora de 50% das ações da empresa Aizoon SL seria um “descrédito da máxima de que a Justiça é igual para todos”.
Princesa estava ciente
O texto com sua intimação lista quatorze indícios de que Cristina de Borbón tinha conhecimento do uso de sua presença no instituto e na imobiliária Aizóon, procedentes da declaração de Diego Torres, dos e-mails divulgados e da versão dada pelo secretário das infantas, Carlos García Retorne, que também está sendo acusado.
O juiz acrescentou que os indícios considerados de forma isolada não têm “peso para sustentar uma acusação” e não constituem “indícios racionais” de que ela “atuasse ativa e decididamente” na gestão cotidiana do Nóos e da Aizoon, mas indicam que Cristina consentia para que seu parantesco com o rei fosse utilizado a favor de seu marido.
Urdangarin foi acusado neste processo em dezembro de 2011 e já prestou dois depoimentos à justiça. Em sua última declaração, o genro de Juan Carlos procurou afastar a infanta e a Casa Real do caso e assegurou que nunca aprovou os negócios realizados pelo Instituto Nóos. Iñaki Urdangarin foi afastado das atividades oficiais da família real em dezembro de 2011, após a acusação.
Ex-jogador de handebol, Urdangarin se casou com a filha mais nova do monarca em 1997, com que tem quatro filhos. Em seu último depoimento, afirmou também, segundo informaram fontes jurídicas, que em março de 2006, por conselho da Casa Real, afastou-se do Instituto Nóos.
A acusação da infanta Cristina ocorreu após a publicação de vários e-mails de Diego Torres, ex-sócio de Urdangarín no instituto e também acusado no caso, dirigidos supostamente a infanta e outras pessoas do entorno da Casa Real. O caso investiga o suposto desvio de 6,1 milhões de euros das administrações regionais das Baleares e Valencia para o Instituto Nóos entre 2004 e 2007.
Após a acusação da princesa Cristina, a Casa do Rei manifestou, através de um porta-voz, que “não comenta decisões judiciais”. Alfredo Pérez Rubalcaba, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o principal da oposição, expressou seu respeito pela decisão do juiz e destacou que “a justiça na Espanha é igual para todo o mundo”.
As informações são da EFE