Aos 23 anos, Dom La Nena coleciona elogios com disco de estreia

 De Porto Alegre a Paris, de volta a Porto Alegre, rumo a Buenos Aires, novamente Paris, e aí o resto do mundo. Logo, é com muita propriedade que a violoncelista Dominique Pinto, 23 anos, canta que “não venho daqui, não venho de lá, não venho de nenhum lugar”, na introdução de Meu País.

A faixa que explica o desapego geográfico de Dominique é o carro-chefe de seu primeiro disco, Ela, uma coleção de temas delicados e sombrios que vem impressionando a crítica internacional e coleciona elogios por onde é lançado no mundo.

A biografia de Dom La Nena – persona artística adotada por Dominique – é típica de um prodígio. Começou a estudar música com quatro anos ao piano e, aos oito, experimentou o cello. Com essa idade, foi para Paris com os pais e apaixonou-se de vez pelo instrumento. Na volta ao Brasil, com 13 anos, entrou em contato com a violoncelista norte-americana Christine Walevska e arrumou as malas para Buenos Aires, onde Dominique ministrava aulas regulares.

  – Morei cinco anos lá, onde estudei no conservatório. Depois, fiz um curso de prática orquestral no Teatro Colón. Aos18 anos, voltei para Paris e continuei meus estudos na École Normale de Musique – conta ela, por e-mail.

  Mas o rigor da academia desestimulou Dom, que passou a escutar mais música popular. Voltou a ouvir os menestréis brasileiros (Caymmi, Vinicius, Tom, Jorge Ben), se aprofundou na música francesa (Jacques Brel, Serge Gainsbourg) e deu uma chance para artistas mais moderninhos, como Cat Power. A música erudita continuava como base, mas seu cello estava agora disposto a trilhar caminhos mais diversificados – que a levaram até a estrela francesa Jane Birkin.

– Conheci uma produtora musical que produzia muitos discos da cena da chanson française. Ela estava produzindo o disco da Jane Birkin e precisava de um violoncelo. Então me convidou a gravar. Foi uma experiência importante, era a primeira vez que eu saía da música clássica para tocar sem partitura, sem indicações extremamente precisas… Foi ótimo! – diz.

  Em 2011, com um disco rascunhado, encontrou-se com o músico e produtor Piers Faccini, que a convidou para gravar em seu estúdio caseiro. O trabalho envolvendo Ela durou de março a dezembro daquele ano e contou com as participações da cantora francesa Camille e dos brasileiros Thiago Pethit e Kiko Dinucci.

Lançado em janeiro na Europa e na América do Norte, o disco rapidamente atraiu a atenção da mídia especializada dos dois continentes, com elogios para o casamento entre a sonoridade grave e sisuda do violoncelo e a voz quase sussurrante de Dom. O The New York Times frisou que “seus instintos de composição se aproximam tanto da introspecção de cantoras de cabaré quanto do sentimento que os brasileiros chamam de saudade”. O The Wall Street Journal classificou o álbum como “uma quente e encantadora gravação, com um vago senso de melancolia”, enquanto a conceituada revista francesa Les Inrockuptibles disse se tratar de “um tesouro de canções suaves, com vocais e arranjos acústicos incomuns e elegantes”.

  Para Dom, a boa repercussão pode ser creditada ao sentimento de verdade que permeia cada uma das 12 canções – aliadas, claro, ao elemento “sou de lugar nenhum” que a cantora traz de suas andanças pelo mundo. Informações Zero Hora  – Minha música também termina sendo uma mistura de todos esses países e gêneros musicais juntos, por isso também é difícil para mim catalogá-la em música “world”, “brasileira” ou “folk”. Penso que a principal qualidade do disco é que ele é sincero, sem ser fake, sem tentar imitar – define.

  Ela  deve ser lançado no Brasil em julho, mas já pode ser comprado via iTunes ou pelo site de Dom (www.domlanena.com).

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