Da France Presse

A marcha convocada para esta terça-feira (31) contra o populista Keiko Fujimori, favorita para vencer a Presidência do Peru, revela as divisões do país faltando cinco dias para o segundo turno que a opõe à economista de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski.
Os organizadores asseguram que Kuczynski liderará a marcha ombro a ombro com sua nova aliada, a esquerdista Verónika Mendoza, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
O protesto é percebido como a última oportunidade para impedir que a filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, condenado desde 2009 por crimes de corrupção e contra a humanidade, seja eleita em 5 de junho como a primeira mulher presidente do Peru.
Os opositores da filha de quem governou com mão firme os destinos do Peru entre 1990 e 2000 consideram que sua vitória significaria o retorno ao poder daquele regime autocrata no Keiko atuou como primeira-dama.
A isto se soma a percepção de que o narcotráfico ganha terreno na política, devido a uma denúncia por supostos vínculos de um importante dirigente e financiador do partido fujimorista Força Popular com a lavagem de dinheiro e o tráfico de drogas.

“Esta mobilização é extremamente importante para defender a indelével e precária democracia que temos ante a possibilidade de que chegue ao poder um grupo político que está muito vinculado ao narcotráfico”, disse à AFP o porta-voz do movimento “Keiko não vai”, Jorge Rodríguez.
Rodríguez acrescentou que Keiko Fujimori “propõe ao país propostas de retrocesso e regressão” após o antecipado em 15 anos de democracia. O protesto recorrerá ao centro de Lima e terminará com um comício.
Kuczynski, um ex-banqueiro e ex-ministro, recebe tanto o apoio deste movimento social quanto dos ex-candidatos César Acuña e Julio Guzmán, que tiveram que abandonar a corrida eleitoral quando estavam entre os favoritos antes do primeiro turno.
A última vez que tendências políticas divergentes se aliaram em uma marcha foi para protestar contra a segunda reeleição de Alberto Fujimori, no ano 2000, em meio a denúncias de compra de votos de congressistas e das linhas editoriais de meios de comunicação.