Menos de 24 horas após a liberação de milhões de documentos do ‘Panama Papers’, que comprometeram dúzias de estadistas e celebridades, envolvidas em negócios suspeitos em paraísos fiscais, campanhas se multiplicam na internet exigindo explicações ou mesmo a renúncia de governantes.
É o caso da Islândia, cujo primeiro-ministro, Sigmundur David Gunnlaugsson, foi citado como dono de off-shore com a mulher. Petição on-line com quase 30 mil assinaturas exigia que abandonasse o cargo. Milhares de pessoas se juntaram em frente à Câmara, em Reikjavik, em protesto. A oposição já articula para esta semana votação que pode inviabilizar o governo de Sigmundur. Ele assumiu três anos atrás e representava o novo rosto da Islândia após a crise financeira de 2008. Prometera aliviar a dívida dos lares islandeses à custa dos credores dos bancos quebrados e nacionalizados. Eram esses credores, e não os cofres públicos, os que deveriam pagar a conta das milhares de pessoas afogadas em hipotecas indexadas em moeda estrangeira, em momentos nos quais a coroa, divisa nacional, despencava vertiginosamente. Por enquanto, o primeiro-ministro defende sua gestão e se recusa a deixar o cargo.

Foto: Efe
Tensão também naArgentina. O envolvimento de Mauricio Macri no escândalo, onde aparece como diretor de empresa nas Bahamas, rapidamente virou artilharia para a oposição na Argentina. O kirchnerismo já iniciou ofensiva para fazer esse assunto deteriorar a imagem de um presidente que mantém boa avaliação após três meses de mandato, mas começa a enfrentar seus primeiros problemas importantes. Todos pedem mais explicações, mas a Casa Rosada informou que todas as necessárias já foram apresentadas. “Macri nunca teve, nem tem, uma participação no capital dessa sociedade”, informou em nota. Ele é um dos poucos presidentes em exercício afetados.
ONU apura suborno no alto escalão
O escritório de investigações da ONU revelou “negligências graves” na interação da entidade com organizações ligadas a suposto esquema de suborno envolvendo John Ashe, presidenteda Assembleia-Geral entre 2013 e 2014, e seis pessoas. Promotores norte-americanos dizem que Ashe recebeu 1,3 milhão de dólares de empresários chineses para construir centro de convenções em Macau com patrocínio da ONU.
O documento enfatiza “deficiências importantes” na maneira como a ONU interage com ONGs e supervisionam empregados.Trata-se da maior crise de corrupção na ONU desde que o escândalo ‘Petróleo por comida’ abalou o mandato de Kofi Annan.
PARTE DA LISTA
VLADIMIR PUTIN
O presidente russo não é citado nos documentos, mas amigos do mandatário se beneficiaram com contratos e concessões públicas que não teriam sido possíveis sem sua ajuda. Estabeleceram rede de sociedades off-shore num valor aproximado de 2 bilhões de dólares (R$ 7,1 bilhões).
SIGMUNDUR DAVID GUNNLAUGSSON
O primeiro-ministro islandês e sua mulher utilizaram uma firma offshore, a Wintris, para ocultar milhões de dólares investidos em três grandes bancos durante a crise financeira.
MAURICIO MACRI
O presidente argentino participou, com o pai e um irmão, do conselho de sociedade offshore nas Bahamas, a Fleg Trading. A firma esteve ativa até 2009, quando Macri era prefeito de Buenos Aires.
SALMAN BIN ABDULAZIZ
O rei da Arábia Saudita utilizou sociedade nas Ilhas Virgens Britânicas para financiar moradias de luxo emLondres.
PILAR DE BORBÓN
Irmã de Juan Carlos e tia do rei Felipe VI, da Espanha, presidiu a empresa panamenha Delantera Financiera a partir de agosto de 1974 – um mês depois de o então príncipe Juan Carlos assumir de forma interina a Chefia do Estado. A sociedade foi dissolvida apenas cinco dias depois de Felipe ser entronado, em 2014.
MESSI
O craque adquiriu sociedade panamenha com a qual teriam faturado seus direitos de imagem pelas costas do Fisco espanhol.
JACKIE CHAN
O ator aparece nos documentos como acionista de seis empresas nas Ilhas Virgens Britânicas.