Os alunos de Josiane já não encontram a professora há seis dias. A coceira é o que mais incomoda a moradora do Setor São Gabriel, em São Sebastião, distante 21km da área central do Plano Piloto. “A pele do meu braço está irritada, tamanha é a fricção que tenho feito. Em alguns pontos, já se abriram feridas”, detalhou a mulher, no hospital de campanha. Essa é a primeira vez que ela contrai a doença. “Tive o diagnóstico clínico e, agora, estou esperando o resultado da sorologia para ter a confirmação laboratorial”, contou.
Preço alto
Os custos com os cuidados com quem contrai o vírus são altos para os cofres públicos: R$ 630 para cada paciente, segundo estudo publicado na revista de medicina PLOS Neglected Tropical Diseases, dedicada exclusivamente a doenças tropicais. Pesquisadores acompanharam mais de 2 mil pacientes, até que eles estivessem totalmente recuperados da infecção em todas as unidades da Federação. O Executivo local teria gastado mais de R$ 5 milhões este ano para tratar dos doentes no DF, segundo cálculo feito pelo Correio, com base na estatística dos cientistas. O montante chegou a R$ 6,5 milhões em 2015.
A procura cada vez maior por tratamento tem pressionado a Secretaria de Saúde, que admite falhas. Ontem, por exemplo, faltaram kits para fazer os testes no hospital de campanha de São Sebastião. A situação se repetiu também em Brazlândia. A pasta garantiu a entrega de 700 kits hoje. Na próxima semana, o estoque de toda a rede ganhará o reforço de 5,8 mil kits. “Todos os pacientes estão sendo atendidos, independentemente da realização do teste rápido. Esse instrumento é apenas um complemento diagnóstico clínico, que é soberano”, ressaltou a secretaria, por meio de nota.
Grávidas
O cenário é ainda mais pessimista quando se avalia os números de zika vírus e chicungunha na capital. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado ontem, 32 pessoas — sendo nove grávidas — estão com zika. Outras 30 pessoas estão com chicungunha — alta de 15,3% em uma semana. “Temos uma epidemia tríplice das doenças transmitidas pelo Aedes. É evidente que a gente precisa ter algo muito bem organizado para dar assistência à população. No DF, isso é pior, porque nós fazemos a prestação de assistência à saúde do Entorno”, comentou o secretário de Saúde, Humberto Fonseca. Informações do Correio Braziliense.