Enterro de jovens fuzilados é marcado por protestos de ONG e familiares

O Dia

 Os corpos de quatro dos cinco jovens fuzilados por policiais militares no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte da cidade, foram enterrados, na tarde desta segunda-feira, no Cemitério de Irajá. Cerca de 100 pessoas acompanharam o enterro. Em protesto, elas chegaram a fechar uma rua próxima ao local após a cerimônia.

Familiares e amigos das vítimas vestiam camisas com os rostos dos jovens e alguns levaram cartazes. “Jovens negros morrem na mão da polícia”, dizia um deles. Durante o enterro, a ONG Rio Paz estendeu uma bandeira brasileira com 50 furos, representando a quantidade de tiros disparados contra o carro em que estavam Carlos Eduardo, Roberto de Souza Penha, 16, os irmãos Wesley Castro, de 25, e Wilton Esteves Domingos Junior, de 20; Cleiton Corrêa de Souza, de 18.

Até as 18h, o corpo de Cleiton Corrêa ainda não havia sido liberado pelo Instituto Médico Legal (IML). A demora foi mais um motivo de revolta para os presentes, que gritavam: “Cadê o Cleiton?”. Eles fecharam uma rua reinvindicando a liberação do corpo, porém rapidamente a via foi liberada.

“É tanta burocracia que por causa de um carimbo da Rio Pax o IML não liberou o corpo. Além do sofrimento de ter um filho assassinado ainda há a dor da espera. Queria eu eles fosse enterrado junto, pois morreram juntos. Cheguei às 1h30 da manhã no IML. Não é justo enterrar o meu filho no escuro”, disse Monica Aparecida Santana Correia, mãe de Cleiton, que trabalhava como ajudante de caminhão e tinha o sonho de entrar para as forças armadas.

Mãe de Wilton, Márcia Ferreira de Olivera denunciou que os policiais alteraram a cena do crime.”Eles eram todos inocentes. Assim que foram alvejados fui até o carro onde eles estavam e vi o meu filho ainda se mexendo. Eu gritei o nome dele mas os policiais não deiraxam eu socorre-lo e ainda mudaram a cena do crime. Um deles colocou uma luva e pôs e arma na mão do carona. Jogou a chave dentro do porta-malas e mexeu nos corpos. Se quisessem parar o carro, que atirassem no pneu. Mas eles foram fuzilados”, afirmou.

Familiares carregam caixão

Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Pms vão responder pelo crime nas justiças comum e militar

A Polícia Militar abriu inquérito para apurar as circunstâncias do fato. Os policiais prestaram depoimento no domingo na 39ª DP (Pavuna) e tiveram as armas apreendidas. Eles foram acompanhados por policiais da 2º Delegacia de Polícia Judiciária Militar. Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos, Antonio Carlos Gonçalves Filho vão responder por homicídio doloso e fraude processual. O policial Fabio Pizza Oliveira da Silva é acusado apenas de fraude processual.

Por se tratar de homicídio, eles vão responder pelo crime nas justiças comum e militar. Os quatro foram levados neste domingo para o Presídio Vieira Ferreira Neto, em Niterói, unidade destinada a PMs.

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