A privatização das ruas?

Foto Ricardo Penna

(*) Ricardo Penna

No último sábado, na rodoviária de Brasília, reuniram-se umas cinquenta pessoas para protestar contra a PEC 37. Havia diferença entre essa e as outras manifestações ocorridas nas ruas das principais cidades brasileiras. Nessa os participantes vestiam camisetas amarelas com as principais associações do Ministério Público e de Procuradores da República. Nas outras, mesmo com a convergência de objetivos, não existiam patrocínios organizados nem a ação direta de interesses corporativos.

A privatização do movimento das ruas e a verticalização das demandas é um risco possível. O MPL declarou que não ocupará mais as praças devido aos grupos infiltrados. O sindicatão dos servidores do GDF movimentou-se, no vácuo dos manifestantes, pedindo melhorias no plano de carreira da categoria. O Partido dos Trabalhadores tentou se incorporar às manifestações e diversos políticos tentam pular no trem desgovernado que ocupou as ruas das principais capitais e cidades. Até mesmo a Presidente da República já se colocou à disposição dos líderes para iniciar um diálogo.

A pressão do establishment para engolir as massas é um movimento natural. Afinal a democracia faz-se com organizações civis, lideranças e representação partidária. De uma forma ou outra, o capital e o trabalho encontram seu estuário nas instituições para se fazer representar.

Discute-se muito o futuro do movimento. É cediça a resposta. Apesar da pluralidade, divergência e pulverização dos movimentos sociais, as ruas tendem a encontrar seus canais para dialogar com as instituições e serenar. Do contrário é o confronto e a ruptura.

(*) Ricardo Penna é Arquiteto, PhD Planejamento Regional, Fotógrafo (CB 1971, Estadao 72/73, Veja 74)

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