
Daniel Ribeiro, correspondente em Paris do Expresso
Uma mulher que estava num café junto à sala de espetáculos Le Bataclan, onde se verificou uma carnificina com pelo menos 80 mortos, disse que fugiu aos gritos durante o tiroteio e que tropeçou em dois corpos sem vida. Foi uma noite de inacreditável terror. Às 2h locais, o balanço oficial provisório era de 118 mortos e numerosos feridos, dezenas deles em estado muito grave.
O estado de emergência foi decretado e militares reforçaram as patrulhas da polícia em Paris, que a essa hora parecia verdadeiramente uma cidade em guerra. Escolas, universidades não abrirão neste sábado e diversas linhas de metro e de autocarros foram fechadas. Os parisienses fechavam-se em casa chocados e colados às notícias aterradoras.
Durante a noite ninguém circulava numa vasta zona de Paris, designadamente na parte central da cidade. As zonas da Bastilha e da República e toda as zonas adjacentes à Boulevard Voltaire, onde se encontra o Bataclan e onde reside este correspondente, estavam literalmente ocupadas pelas forças especiais e militares.
Ninguém ousava sair à rua, todas as sombras eram vistas como inimigas pela polícia. Não havia dúvida: Paris está em guerra.
O horror voltou à capital francesa, dez meses depois do ataque à redação do Charlie Hebdo que na altura funcionava a dois passos do Bataclan.
“Caminhei sobre corpos, vi mortos na rua e muito sangue”, contou uma testemunha aos jornalistas. Um jovem, sobrevivente da carnificina do Bataclan disse que viu dois terroristas entrar na sala de espetáculos e contou: “começaram a disparar à cega sobre as pessoas com armas automáticas”.