O secretário de Saúde do Distrito Federal, Fábio Gondim, determinou nesta sexta-feira (6) a abertura de sindicância para apurar as declarações e a conduta do presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédicos), Gutemberg Fialho, em vídeo obtido pela TV Globo. Nas imagens, o dirigente sindical diz que haverá boicote ao governo caso a categoria não receba o reajuste salarial que havia sido aprovado na gestão anterior. Médicos completaram 29 dias de greve nesta sexta.
O secretário se disse surpreso com a atitude de Fialho e afirmou que a conduta dele não faz parte do entendimento de todos os médicos da rede pública, “que sempre prezam pela humanização e pelo atendimento digno à população”.
Segundo Gondim, a Corregedoria da Secretaria de Saúde já está tomando as medidas cabíveis para a apuração. “Queremos saber tudo o que aconteceu, de fato, para evitar que a população sofra as consequências de um ato impensado.”
No vídeo, Fialho afirma que o boicote ao governo será feito durante todo o mandato de Rodrigo Rollemberg. “Os servidores podem voltar sem nada. Mas vai ser quatro ano travando a máquina pública e boicotando o governo (sic)”, diz.
O presidente do sindicato declara que a gravação foi feita no dia 20 de outubro em uma reunião com o colégio de líderes da Câmara e justificou que falou em nome dos servidores públicos de todas as categorias.
“Essa declaração foi feita no início do movimento. Eu chamava a atenção do governo para uma radicalização por parte dos servidores se não houvesse uma proposta com entendimento entre sindicato e governo. O próprio governo está se boicotando. Tudo chegou em um ponto crítico, como aconteceu com os professores.”
O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) informou que só tomará uma ação em relação às declarações de Fialho caso aconteça alguma situação que fira as normas éticas da entidade. Segundo o CRM, não é possível se tomar providências contra profissionais com base apenas em uma declaração.
Mais cedo, o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio, emitiu uma nota dizendo que “o presidente do SindMédico deve estar arrependido, mesmo porque, ao boicotar o governo, os servidores boicotarão os próprios cidadãos, coisa que tenho certeza que está longe das intenções do dr. Gutemberg”.
Na nota, o secretário afirma que a declaração “ocorreu num momento de ânimos acirrados, quando os servidores buscavam o merecido reajuste salarial, e, por conta da incapacidade financeira do governo, acabaram vendo seus direitos adiados”.
Paralisação
A greve da categoria foi decretada no dia 8 de outubro, depois de o governador Rodrigo Rollemberg anunciar a suspensão, por um ano, do pagamento dos reajustes salariais a 32 categorias do funcionalismo público que haviam sido acordados na gestão anterior. A greve foi considerada ilegal pela Justiça.
O governo alega não ter recursos para quitar os reajuestes. Nesta semana, Rollemberg afirmou que os valores que deixarem de ser pagos até que o reajuste seja regularizado no ano que vem só devem ser quitados em 2017.
Por conta da suspensão do reajuste, várias categorias do funcionalismo fazem greve no DF, entre elas os professores, agentes do Detran, DER e metroviários. (G1)