MPL acusa onda conservadora e desiste de novas manifestações em SP

O Movimento Passe Livre anunciou hoje a suspensão de novas manifestações em São Paulo. Segundo um dos integrantes do grupo, que pleiteia tarifa zero nos transportes públicos, “grupos conservadores se infiltraram nas manifestações” e defenderam, ontem, propostas como a redução da maioridade penal.

Rafael Siqueira, 38, professor de música e ativista do MPL, afirmou que as agressões a militantes de partidos políticos na manifestação de ontem, na avenida Paulista e em outras cidades, também motivaram o grupo a tomar essa decisão.

“A gente acha que grupos conservadores se infiltraram nos últimos atos para defender propostas que não nos representam”, disse Siqueira. De acordo com ele, o recuo do movimento foi decidido no final da noite de ontem, após os incidentes na Paulista.

Durante o ato, o MPL conversou com alguns grupos de esquerda sobre a presença de “neofascistas” agredindo pessoas na rua. “É inconcebível essa onda oportunista da direita de tomar os atos para si.”

“NACIONALISTAS”

Ontem, um grupo de manifestantes, denominados “nacionalistas” entrou em confronto com pessoas que estavam com bandeiras de partidos durante protesto contra tarifas na avenida Paulista, centro de São Paulo.

O principal confronto ocorreu entre um grupo de nacionalistas e manifestantes com bandeiras do PSTU e PT. Os “nacionalistas” queriam que o protesto prosseguisse sem bandeiras partidárias e sem a interferência de partidos políticos.

Após uma das confusões, o advogado Guilherme Nascimento, 26, deixou a avenida Paulista com um ferimento na cabeça. “Foi o PT que fez isso, me deram uma paulada”. O rapaz foi carregado por amigos até um carro da Polícia Militar, que o levou a um pronto-socorro.

Um homem usou um taco de hockei para ameaçar petistas. Durante a confusão, uma mulher caiu no chão e quase foi pisoteada. Ao menos duas bandeiras do PSTU e uma do PT foram tomadas de manifestantes e queimadas na avenida Paulista.

Apolíticos partiram para cima dos partidários com chutes e socos. Parte deles respondeu com bandeiradas e pedradas. A Polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo para conter a pancadaria.

Um grupo de nacionalistas armados com facas gritaram contra os manifestantes do PT dizendo que vão “meter a faca”. Eles entoaram gritos e disseram que iam tomar todas as bandeiras

Membros do PSTU, PSOL, UNE, UJS (União Jovem Socialista) foram hostilizados por manifestantes na avenida Paulista, em frente à Fiesp. Juntos, os partidários começaram a deixar a região. A manifestante Fátima Sandalhel disse ter sofrido retaliações por vestir uma camiseta vermelha e estar próxima a grupos partidários.

“Nós estivemos em todas as manifestações anteriores para agora sermos expelidos na manifestação. Usar camisa vermelha é um direito, usar bandeira é um direito. O que aconteceu hoje aqui é um atentado à democracia”, disse Sandalhel.

Houve um princípio de confusão, quando uma bandeira do PSTU foi rasgada e um militante partiu para cima de um manifestante. As pessoas também cantaram gritos de guerra contra o PT.

“Os caras com bandeira de partido querem levar vantagem. O Passe Livre está com o PT”, disse o universitário Bruno Scorziello, 22, após tentar impedir a passagem do protesto.

Após a confusão, muitos militantes choraram: “Estão acabando com anos de luta. Não queremos reivindicar para nós, queremos somar”, disse um deles sem se identificar. Informações da Folha.

Gostou? Compartilhe!

Últimas notícias
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore