Mateus Rodrigues Do G1
Empossado na Câmara Legislativa do Distrito Federal há menos de um mês, o deputado Claudio Abrantes deixou o PT nesta segunda-feira (28) para se filiar à Rede Sustentabilidade. Ele se junta aos deputados Chico Leite, ex-PT, e Luzia de Paula, ex-PEN, que também integram a nova legenda.
A posse de Abrantes na suplência de Dr. Michel (PP), hoje conselheiro do Tribunal de Contas, tinha ampliado a vantagem do PT na contagem de deputados na Câmara Legislativa. Em três dias, o partido viu a bancada diminuir de cinco para três parlamentares.
Até o fim desta semana, a Rede pode se tornar o partido com maior representação no Legislativo distrital. Dirigentes da legenda confirmaram ao G1 que há “negociações em andamento” com o deputado Joe Valle, do PDT.
Ao lado do correligionário Chico Leite, Abrantes disse ter escolhido a Rede por virtudes como “sustentabilidade, transparência e nova relação com o eleitorado”. O deputado disse que encontrou dificuldades de posicionamento dentro do PT porque os diretórios já estavam muito consolidados quando ele chegou, em 2013.
deputado distrital
“Pra gente, é um prazer e uma alegria poder contribuir no início de uma nova agremiação partidária, primeiro, que vem calcada em personagens de muita respeitabilidade e história muito transparente, no caso da [ex-senadora] Marina Silva”, declarou.
Na Rede, Abrantes e Leite terão companhia de outros ex-petistas. Além de Marina, a ex-senadora Heloísa Helena, o senador Randolfe Rodrigues e o deputado federal Alessandro Molon anunciaram filiação à nova legenda desde a última terça, quando a Rede foi oficializada como partido político.
“Eu creio que tudo aquilo que é bom dentro do PT deve ser visto dentro da Rede, também. São nomes de peso, muitos que passaram por um processo semelhante no Psol. Mas, a Rede não é uma dissidência do PT e não trabalha só no campo de atrair políticos, mas de atrair também a sociedade”, afirmou Abrantes.

Indefinidos
A empolgação demonstrada pelos filiados à Rede Sustentabilidade não esconde uma série de indefinições em âmbitos local e nacional. O partido não sabe quem será o líder na Câmara e ainda não discutiu se vai compor bloco com outra legenda.
A eleição de presidências e diretorias regionais não tem data nem formato, e os parlamentares ainda não sabem dizer se vão pleitear secretarias ou sugerir mudanças nas comissões temáticas da Câmara. “A Rede pauta pela horizontalidade, tudo isso será alvo de discussão interna”, diz Abrantes, com a concordância de Leite.
O posicionamento do partido como base aliada do governador Rodrigo Rollemberg também é alvo de dúvidas. “Digo com clareza e franqueza: o alinhamento não é automático. Eu chego com essa bancada que estamos formando, com Chico e Luzia, para discutir internamente o DF”, afirma.
Em 2014, a Rede Sustentabilidade deu “apoio informal” à chapa de Rollemberg – na época, Marina Silva concorria à Presidência da República pelo PSB. Entre os filiados ao grupo político estão o ex-administrador do Lago Norte, Marcos Woortman, e o secretário de Meio Ambiente, André Lima.