O Globo / Com agências internacionais
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira o fechamento de um segundo setor da fronteira com a Colômbia no estado de Táchira, um dia depois de os dois governos chamarem seus embaixadores para consultas e diante de um impasse político entre as nações vizinhas. Desde a primeira parte da fronteira foi fechada, na semana passada, mais de 1.200 colombianos foram deportados por Caracas, desencadeando uma crise humanitária, em um momento em que o presidente é desaprovado por mais de 70% da população, com 46,1% responsabilizando diretamente ele pela crise que assola o país.
— Para limpar de paramilitarismo, criminalidade, bachaquerismo (contrabando), sequestro, tráfico de drogas, eu decidi fechar a fronteira da zona número 2 no estado de Táchira — disse Maduro em um evento público em Caracas.
Maduro afirmou que teve “muita paciência” com o governo colombiano e recordou que um ano atrás propôs a Santos um plano para combater as atividades ilegais o contrabando na fronteira. No entanto, segundo ele, a Colômbia “não fez nada” e a situação só piorou, com mais contrabandistas e crimes na região, o que o levou a tomar medidas radicais.
— O que vocês querem que eu faça? Querem que eu seja fraco diante da oligarquia colombiana? (…) Até quando a Colômbia vai fechar os olhos para os problemas que são exclusivamente deles? — perguntou Maduro a uma multidão.
Mas na expectativa que o conflito possa tomar outro rumo, Maduro afirmou que está disposto a se reunir com Juan Manuel Santos para discutir a situação fronteiriça.
— Estou disposto a me reunir com o presidente Santor para falar destes temas onde ele queira, quando queira e como queira. Ele e eu, sozinhos — disse Maduro.
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O conflito na região começou há uma semana, depois que Maduro ordenou o fechamento de uma parte da fronteira por um ataque de supostos contrabandistas paramilitares contra três militares venezuelanos. Dois dias depois, o governo decretou estado de exceção em vários municípios fronteiriços do estado de Táchira, o que causou a deportação de mais de mil colombianos.
As autoridades venezuelanas alegam que a maioria dessas pessoas estava envolvida em atividades ilegais no país, contribuindo para a escassez de produtos e em violentos ataques. Além disso, eles defendem que os colombianos que ultrapassam a fronteira estão fugindo de conflitos, violência, pobreza e falta de serviços sociais, e seguem para a Venezuela, onde têm pleno acesso à saúde, educação e muitas vezes postos de trabalho. Mas, para a oposição venezuelana, o presidente está usando a crise para tirar as atenções da escassez de bens básicos, da inflação e da alta violência no país.
Segundo uma pesquisa do Instituto Datanálisis, 70,4% dos venezuelanos desaprovam o governo de Maduro, com 46,1% responsabilizando diretamente o presidente pela crise que assola o país. Em pergunta sobre as eleições, 57,7% afirmaram que votarão na oposição.