Eugenio Goussinsky, do R7
O acesso às armas de fogo nos Estados Unidos é sempre questionado cada vez que ocorre uma tragédia com a desta quarta-feira (26), quando o atirador Vester Lee Flanagan assassinou dois jornalistas no Estado da Virgínia. No país, perto de 90% de seus habitantes têm algum tipo de arma de fogo, segundo a instituição suíça Small Arms Survey.
São cerca de 300 milhões de civis com armas, dentro de uma população de 322,9 milhões, de acordo com o Fnuap (Fundo de População das Nações Unidas).
Mas a segunda emenda da Constituição americana, que permite o porte de armas aos cidadãos locais, tem se mantido como um item sagrado no cotidiano do país, cada vez que alguém ousa desafiá-la. É quase uma cláusula pétrea, aquela que nunca pode ser alterada.
Na opinião da cientista política Solange Reis, coordenadora do Opeu (Observatório Político dos Estados Unidos), projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, a permissão geral do porte de arma já perdeu há muito o sentido inicial, regido pela segunda emenda, baseada na proteção de colonos e fazendeiros contra outras milícias invasoras, nos séculos 18 e 19.
— Trata-se de um aspecto cultural da sociedade americana, um hábito que já não tem a ver com a garantia da defesa, mas que mantém o foco no amplo direito individual, com o Estado sendo apenas um apoio a essa liberdade do indivíduo. Desta maneira, os Estados Unidos chegam a números assustadores em relação ao porte de armas.