Arthur Paganini, Correio Braziliense
Depois de ser discutida a possibilidade de instalação de uma CPI para apurar pagamentos e contratações da Secretaria da Saúde com fornecedores particulares, é a vez de a gestão do DFTrans entrar na mira dos deputados distritais. Quem encabeça a iniciativa é a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), que investiu boa parte de seu último mandato denunciando supostas irregularidades na licitação do transporte público urbano e na execução e fiscalização do serviço de transporte, prerrogativa do DFTrans. Hoje à tarde, na reunião de líderes partidários, os parlamentares vão debater o assunto, costurar quem participaria de cada comissão e — mais importante — qual seria o objeto das investigações.
“Se sair uma CPI para investigar o DFTrans, tenho certeza, vai ter gente saindo de camburão direto para a cadeia. Como pode um sistema de transporte que antes custava ao GDF cerca de R$ 10 milhões por mês em subsídios custar, hoje, R$ 40 milhões?”, indaga Celina.
Provas, segundo a parlamentar, não faltam. Ela, inclusive, colaborou nas investigações dos deputados estaduais do Paraná sobre o mesmo tema. “Lá em Curitiba, depois que a CPI saiu, o preço da tarifa baixou R$ 0,30. Aqui no DF, a licitação dos transporte não trouxe o preço da tarifa para baixo porque era um jogo de cartas marcadas, com claro direcionamento na escolha dos envelopes com as propostas”, sugere.
Nos bastidores, uma investigação sobre transporte e saúde pode colocar em zona de conflito dois aliados durante a última gestão do Executivo: PT e PMDB. A Saúde, durante o governo de Agnelo Queiroz (PT), foi administrada por Rafael Barbosa (PT), que deixou a pasta para ser candidato a deputado federal. Já o DFTrans foi encabeçado por Marco Antonio Campanella (PPL), que também foi candidato à Câmara dos Deputados. Ele foi indicado pelo ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). “Está claro que há o que se explicar nas duas áreas e não recuamos na disposição de investigar a Saúde e o Transporte, basta perguntar para o usuário dos ônibus e dos hospitais públicos como é a vida de quem depende desses serviços”, avalia o líder do PMDB, Wellington Luiz.