Luciana Amaral Do G1
Integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Buriti, no Distrito Federal, na manhã desta segunda-feira (23). O grupo reivindica moradia para famílias que haviam ocupado uma área invadida no Recanto das Emas. Segundo a Polícia Militar, cerca de 160 pessoas participaram do ato.
O GDF informou ao G1 que deve se reunir com lideranças da FNL ainda nesta segunda. Cerca de 30 policiais militares se posicionaram em frente ao Buriti. Até as 9h45, não houve registro de confrontos nem de interrupções no trânsito do local.
De acordo com uma das líderes do movimento, Bretã Magalhães, o grupo quer que o GDF consiga moradia para cerca de 4 mil famílias. “Ocupamos uma área no Recanto das Emas e de repente houve um despejo na semana passada. Queremos que o governador arrume um lugar para colocar essas famílias. Reivindicamos moradia e reforma agrária.”

Recanto das Emas(Foto: Isabella Formiga/G1)
Na última quinta-feira (19), o GDF iniciou operação para cumprir mandado de reintegração de posse de uma área invadida no Núcleo Rural Águas Quentes, no Recanto das Emas. O terreno foi alvo de disputa judicial entre a Terracap e pessoas físicas e chegou a ser ocupado por 7 mil barracos durante 20 dias.
De acordo com a subsecretaria de Ordem Pública e Social, 422 militares participaram da ação de desocupação, entre bombeiros e policiais militares. Outros 78 funcionários da Agefis, Subsecretaria de Ordem Polícia e Social (Sops) e Terracap prestaram apoio à derrubada.
A agricultora Geralda Oliveira afirmou que foi levada para a invasão de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, e Recanto das Emas por “companheiros de luta”. “Cheguei por causa dos outros que me chamaram. Eu alugava uma chácara em Santo Antônio do Descoberto. É muito longe, quero um lugar meu para morar.”
O ajudante geral Daniel da Silva afirmou que foi convocado na rua em que passava pelo movimento para ocupar as regiões. “Estava na rua, perguntei e me pediram para fazer a inscrição para fortalecer o movimento. Moro perto dali de aluguel. Nós voltamos para nossa casa, mas queremos nossa casa, nosso pedaço de chão.”
Ele informou que não está inscrito em nenhum programa habitacional do governo. “Não está funcionando. Tenho parentes que estão esperando há 16 anos e nada. Só sairemos daqui depois que negociarmos com o governo.”
Outra líder da Frente, Jéssica Camargo, confessou que há oportunistas no movimento, mas disse que faz o máximo para expulsá-los. “Infelizmente tem muitas pessoas que vão pelo oportunismo. Só estão ali achando que podem lucrar com alguma coisa. Durante as manifestações nós vamos identificando e tirando eles.”
Questionada pelo G1 sobre o fato de diversos manifestantes terem uma casa para morar, mesmo que alugada, e não estarem inscritos em programas habitacionais, ela afirmou que o protesto busca a ocupação de terras improdutivas.
“A gente paga imposto, não é de graça. Queremos terras improdutivas e que não são usadas. A gente não inventiva ninguém a entrar no programa x ou y, mas para lutar pelos seus direitos.”