Por David Shalom, iG São Paulo
Localizado em Oswiecim, maior campo de concentração e extermínio da II Guerra é o principal ponto turístico da Polônia

É em Oswiecim que se localiza o Museu Estadual Auschwitz-Birkenau, cenário de algumas das maiores atrocidades da Alemanha nazista entre 1942 e 1945, auge da matança desenfreada que marcou a Segunda Guerra Mundial. Estimativas mostram que aproximadamente 1,1 milhão de pessoas foram mortas nos dois campos, dispostos no mesmo gigantesco complexo e considerados símbolos máximos do Holocausto, no qual quase seis milhões de judeus foram mortos.A simbologia do enorme espaço onde repousam as cinzas de centenas de milhares de vítimas em consequência de doenças como o tifo, de fome, de frio, assassinadas a tiros e, principalmente, nas câmaras de gás, tornou o complexo de campos de concentração e extermínio o mais visitado ponto turístico da Polônia. Só no ano passado, 1,534 milhão de pessoas andaram entre seus barracos. Número que deve ser inflado em 2015 com a celebração dos 70 anos da libertação de seus prisioneiros.Leia mais:
Auschwitz quer passar a ter nova missão de educar visitantes

“Todas as vezes que chego a Auschwitz tenho a pior sensação do mundo. É um clima pesado, um astral muito ruim. Nunca deixa de ser horrível”, conta Márcio Pitliuk, publicitário responsável por idealizar o documentário “Marcha da Vida” – sobre as peregrinações aos campos, que já visitou sete vezes – e a pessoa escolhida pelo Conselho Judaico para representar os sobreviventes de Auschwitz-Birkenau que vivem no Brasil nas celebrações desta terça-feira (26) no local, com presença de chefes de Estado, de personalidades como o cineasta Steven Spielberg – diretor de “A Lista de Schindler” – e de cerca de cem sobreviventes dos campos. “É essencial visitar Auschwitz tanto para prestar homenagem às vítimas que lá pereceram quanto para conhecer sua história para que ela jamais volte a se repetir.”Turismo em crescimento
Tal posicionamento sobre a importância dos campos para a compreensão do que a intolerância pode causar à humanidade tem ganhado força nos últimos anos. Auschwitz-Birkenau foi aberto como museu estadual pelo parlamento polonês em 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mais sangrento conflito registrado na história, com quase 60 milhões de mortos.Em 1960, auge da Guerra Fria que manteve o país praticamente fechado devido à influência da União Soviética (URSS), cerca de 350 mil pessoas o visitaram. Com a dissolução do regime soviético, em 1991, os índices cresceram ano a ano. Em 2001, cerca de 492 mil visitantes estiveram no local. Em 2007, segundo dados oficiais, a marca passou de 1 milhão. Saiba um pouco mais sobre o Museu Estadual Auschwitz-Birkenau:



























Caminhando sobre as cinzas
Para se chegar a Auschwitz-Birkenau, a melhor forma é viajar a Cracóvia, antiga capital do Governo Geral – a área ocupada da Polônia pela Alemanha nazista –, a cerca de duas horas e meia de trem da capital do país, Varsóvia. Da rodoviária local, na região central, é possível pegar, de hora em hora, ônibus ou micro-ônibus em direção a Oswiecim, trajeto tranquilo de pouco mais de 60 minutos que passa por vilarejos e fazendas. Pacotes turísticos completos, com traslado e guia, podem ser facilmente adquiridos, mas de longe a maneira mais econômica de fazer a visita é de forma independente.Barato, o ônibus que sai da rodoviária deixa os passageiros bem em frente à entrada principal do complexo, aberto diariamente a partir das 8h – o horário de fechamento vai, dependendo da época do ano, até às 15h, 16h ou 17h. Galerias com restaurantes, lanchonetes e lojinhas podem ser visitadas antes de se entrar nos campos.

Na maior parte do dia, no entanto, a visita ao campo de concentração é feita obrigatoriamente com o acompanhamento de um guia, ou seja, há horários pré-definidos que podem levar a uma longa espera, além de ser necessário gastar alguns zlotys (a moeda local) e seguir seus passos, o que pode levar algumas horas – os campos fecham cedo e os ônibus de volta a Cracóvia, quase sempre cheios, têm horários limitados. Além disso, o movimento é incessante, muitas vezes sendo preciso desviar de outros visitantes para conferir os artigos expostos.Assim, outra opção é começar o passeio por Birkenau, onde são mantidas todas as características do campo original: um amplo espaço aberto cercado por barracões – um ou outro disponível para visitação –, cortado pelos trilhos que levavam as vítimas de trem diretos às câmaras de gás (atualmente montes de entulho, pois foram destruídas no final da Guerra pelos alemães) e marcado em seu horizonte por um memorial às vítimas do nazismo. A cada meia hora, um ônibus gratuito leva os visitantes de um campo ao outro. Desta forma, é possível retornar à Auschwitz para visitar o museu já um pouco mais vazio, sem espera e sem acompanhamento de um guia. O roteiro também se torna gratuito nas últimas horas de funcionamento.Os brasileiros ocupam a 26ª posição entre os turistas que mais visitaram o museu estadual em 2014, com 7.750 pessoas. Poloneses lideram a lista, com 398.800 visitantes, seguidos por britânicos (199.400), norte-americanos (92.050), italianos (84.350), alemães (75.400) e israelenses (62.100).