Natalia Godoy Do G1 DF
De acordo com a Pioneira, o dinheiro ainda não caiu na conta da empresa. A viação informou no início da greve que não tinha recebido o repasse do GDF e que por isso não havia pagado os funcionários. Com o ato, 200 mil usuários de nove regiões administrativas ficaram sem o serviço. Além disso, são 1,5 mil funcionários parados e 640 ônibus a menos no Gama, Santa Maria, São Sebastião, Itapoã, Paranoá, Lago Sul, Jardim Botânico, Candangolância e Park Way.
O Sindicato dos Rodoviários informou que os valores deveriam ter sido depositados até quarta-feira passada. O motorista Daniel Marques disse que fez empréstimo para pagar as contas do mês. Ele trabalha há um ano na empresa Pioneira e é a única fonte de renda da casa é dele.
“A gente vai se virando e pegando dinheiro emprestado com agiota. Esse mês peguei R$ 1 mil e ainda vou ter que pagar juros de R$ 100 quando chegar o pagamento”, disse ao G1.
Segundo a categoria, o salário de um motorista gira em torno dos R$ 1,9 mil e o tíquete-alimentação, somando ao valor da cesta básica, fica em torno de R$ 600 por mês.O cobrador de ônibus César Fagner, que ganha pouco mais de R$ 1 mil, conta que quem salvou as contas de outubro foi a esposa dele.
“Estamos no sufoco. Graças a Deus que minha mulher trabalha, se não fosse isso, estava enrolado”, afirmou.
Já José Antonio Nunes trabalha há mais de 20 anos como motorista de ônibus e pede uma solução rápida por parte do governo e da empresa Pioneira. “Entendo os passageiros. Eu moro no Gama e também fica difícil pra mim, que preciso do transporte público. Mas a gente também precisa do nosso salário. Ninguém trabalha de graça, nem relógio”, completou.
O DFTrans informou nesta segunda que o governo ainda estuda medidas para fazer os pagamentos em atraso. O órgão acredita que ainda nesta semana deve encontrar uma solução para que o repasse do dinheiro seja feito à empresa.
Em um suplemento do Diário Oficial de sexta, o GDF remanejou R$ 8,9 milhões de outras áreas para quitar dívidas do DFTrans. Uma parte veio da Secretaria de Transferência de Renda, verba até então destinado à manutenção de prédios e serviços administrativos da pasta. O restante do dinheiro saiu de administrações regionais, pequenas obras de urbanização e custeio em geral.
Já a Pioneira informou que, neste momento, a única forma de pagar os rodoviários é recebendo do GDF e que todas as alternativas possíveis já foram adotadas. A assessoria disse que o governo deve há três meses à Pioneira, mas não quis confirmar o valor.