Carol Oliveira, Do R7
No centro do poder nacional, a Esplanada dos Ministérios tem duas pistas, cada uma com seis faixas. A avenida, somados os canteiros, tem 250 metros de largura. Apesar da amplitude, às 17h, de um lado e de outro, o que se vê são carros emaranhados seguindo para rumos contrários e outros tantos ocupando irregularmente algumas faixas para estacionamento.
Entre o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal está um dos pontos críticos da via. Os dados mostram que a situação não aponta para uma melhora. A previsão do Sincovid (Sindicato das Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal) é encerrar o ano com crescimento de 3% a 7% nas vendas de veículos em relação ao nao passado. Em 15 anos, a frota de veículos mais que triplicou. No ano 2000, o Distrito Federal tinha pouco mais de 585 mil carros. Até agosto de 2014, são mais de 1,5 milhão.
Para percorrer 30 km, são necessários pelo menos 1h30. Em todo o trajeto, em uma olhada para os lados, o interior de quase todos os veículos apresentam o mesmo cenário: o motorista segue sozinho para seu destino. Renda, ruas feitas para carros e transporte público ineficiente não os únicos fatores que explicam o caos no trânsito. A cultura do Distrito Federal é componente importante para explicar porque tantas pessoas andam de carro.
A jornalista Mariana Damasceno é protagonista diária da mesma cena. Sai de casa em Samambaia, a 30 km do trabalho às 7h para chegar às 8h se segunda a sexta. Um resultado de R$ 500 por mês de gasolina. Mas em trajetos curtos, ela também utiliza o carro. Para ir a casa da avó, que fica a cerca de 100 metros da sua. É praticamente uma daquelas pessoas que trocou os pés por rodas.
— Eu vou trabalhar de carro. Como tenho dois empregos é mais cômodo. Mas quando chego em casa e quero um pão ou coisa do tipo, pego o carro também. Mesmo que seja para atravessar uma quadra. Vou na minha avó, que é na rua de cima de carro. Uso por costume, por comodidade e por preguiça também.