Do G1

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta (28) que “a Rússia violou deliberada e repetidamente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e as novas imagens das forças russas dentro do país deixaram isso claro para que o mundo inteiro veja”. Em pronunciamento na Casa Branca, no qual também falou sobre o Iraque, Obama condenou duramente as ações russas no leste da Ucrânia, mas descartou uma iniciativa militar dos EUA naquela região.
Apesar de recusar a ideia de interferir militarmente, Obama deixou claro que os EUA pretendem continuar apoiando efetivamente o governo ucraniano, mencionando um trabalho “não apenas diplomático, mas também financeiro”.
Ele citou ainda a Otan, lembrando que, embora a Ucrânia não seja membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, é vizinha de países que a integram, como Polônia, Romênia e Hungria. “E temos o comprometimento de proteger uns aos outros, maiores ou menores”, ressaltou.
Ampliando o tom das críticas, o presidente afirmou que não vê “sinais de que a Rússia esteja disposta a resolver a situação de forma diplomática”, acrescentando que “a atual incursão na Ucrânia irá apenas trazer mais custos e consequências”. Para Obama, a ação irá enfraquecer a Rússia, ainda que os efeitos não sejam percebidos imediatamente. Segundo o presidente, a imagem do país sairá seriamente desgastada junto a parceiros comerciais internacionais, por exemplo.
As acusações de interferência direta da Rússia nos combates no leste da Ucrânia aumentaram nesta quinta-feira, depois que os rebeldes assumiram o controle de territórios de forças governamentais em retirada.
“Um número cada vez maior de tropas russas atuam diretamente nos combates em território ucraniano”, escreveu o embaixador americano em Kiev, Geoffrey Pyatt, no Twitter. “A Rússia também enviou os sistemas de defesa aérea mais recentes”, completou.
‘Mentira’
Já a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, declarou durante reunião do Conselho de Segurança que a Rússia “deve parar de mentir e de alimentar” a crescente instabilidade no leste da Ucrânia.
Aos 15 países membros do Conselho, reunidos para discutir a crise ucraniana, a embaixadora leu uma extensa lista de indícios que provam o envolvimento direto das forças russas ao lado dos separatistas pró-Moscou, afirmando que “frente a essa ameaça, não agir pode custar caro demais”.
Segundo ela, a Rússia finge não ouvir as advertências dos países ocidentais em relação à Ucrânia.
O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, também denunciou o “envolvimento militar direto da Rússia em apoio dos separatistas” e exigiu de Moscou que “retire imediatamente suas forças militares e suas armas” do território ucraniano. Segundo Lyall Grant, “as provas são irrefutáveis”.
Ele se referiu, especialmente, às fotos de satélites divulgadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que mostram rampas de lançamento de mísseis e o envio “há vários meses” de membros de forças especiais russas – as chamadas Spetsnaz – para apoiar os insurgentes no leste da Ucrânia.
Já o embaixador russo no órgão, Vitali Churkin, acusou os Estados Unidos de terem enviado para a Ucrânia “dezenas de assessores” e denunciou as Forças Armadas ucranianas de “bombardear civis” nas zonas controladas pelos separatistas.
“Minha mensagem a Washington é: parem de se meter nos assuntos internos de países soberanos”, afirmou.
A reunião de urgência do Conselho foi convocada pela Lituânia. Kiev pediu aos países ocidentais ajuda militar “de envergadura” diante da presença de tropas russas no leste separatista.