Da Reuters
O Parlamento da Crimeia votou unanimemente a favor de se tornar parte da Rússia nesta quinta-feira (6), informou a agência de notícias RIA. Pouco antes da decisão, o vice-premiê da região afirmou que um referendo sobre o status da região será realizado em 16 de março.
Segundo o texto aprovado pelo Parlamento, foi acertado “entrar na Federação Russa com os direitos de um sujeito da Federação Russa”.
Segundo o vice-premiê da Crimeia, Rustam Temirgaliev, no referendo de 16 de março os eleitores poderão escolher entre uma união a Rússia ou uma autonomia maior a respeito de Kiev.
Segundo informaram fontes do Governo pró-Rússia da Crimeia, a pergunta que será feito na consulta será: “Você é a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia como parte da Federação Russa?”.
A consulta terá uma segunda questão: “Você é a favor que volte a vigorar a Constituição da Crimeia de 1992 e o status da Crimeia como parte da Ucrânia?”.

O presidente russo, Vladimir Putin, já foi informado do desejo da Crimeia de fazer parte da Federação Russa, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela televisão estatal local.
O Parlamento desta república autônoma da Ucrânia tinha convocado, em sessão a portas fechadas, um referendo sobre “a ampliação da autonomia” da Crimeia para 27 de fevereiro – o mesmo dia em que designou um governo leal a Moscou, liderado por Sergei Axionov, enquanto o Congresso foi tomado por um grupo armado pró-Rússia.
Depois disso, a data foi antecipada duas vezes, e a consulta mudou para se perguntar sobre a união com a Rússia.
Tensão
A Crimeia é uma república autônoma da Ucrânia, localizada em uma península no Mar Negro. A região já pertenceu à Rússia, e foi anexada pela Ucrânia em 1954 – o então líder soviético Nikita Khrushchev, que era de origem ucraniana, deu a região como presente.
Diferente do resto da Ucrânia, a maioria da população na região é de origem russa – a Crimeia tem dois milhões de habitantes, das quais 60% são russos, 26% ucranianos e 12% tártaros, que são favoráveis a manter a região na Ucrânia.
Ela se tornou o foco da atenção da diplomacia internacional nas últimas semanas com uma escalada militar russa e ucraniana na região. As tensões separatistas da região, de maioria russa, se tornaram mais acirradas com a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich – o que levou a Rússia a aprovar o envio de tropas para “normalizar” a situação.
A ação russa levou a Ucrânia a mobilizar suas tropas e afirmar que recebeu uma “declaração de guerra”. A escalada de tensão fez com que diversos países do ocidente tentassem resolver a situação via diplomacia.
As novas autoridades de Kiev não reconhecem o governo da Crimeia, que por sua vez considera ilegítimo o executivo central e seguem considerando como presidente da Ucrânia o deposto Yanukovich, refugiado na Rússia.
