Operação deixou ao menos 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha
A operação no Rio de Janeiro que deixou ao menos 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha ganhou grande destaque na imprensa internacional, que descreveu a ação como uma “verdadeira guerra” nas favelas cariocas. Veículos de diferentes partes do mundo destacaram a dimensão da violência e o número elevado de vítimas na ação conjunta das Polícias Civil e Militar.
O jornal argentino Clarín levou o assunto à capa da edição impressa, com uma foto de destaque e o título de que a ofensiva “desencadeou uma verdadeira guerra no Rio de Janeiro, com bombas, drones e mortos”. O veículo relatou ainda cenas de carros em chamas, barricadas e tiroteios em áreas densamente povoadas.
Nos Estados Unidos, o The New York Times classificou a operação como “a mais mortal” da história recente do Rio e ressaltou que o governador Cláudio Castro (PL) é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A publicação lembrou que o presidente americano Donald Trump tem conduzido uma campanha contra o narcotráfico na América Latina, e observou que Castro chamou os criminosos de “narcoterroristas”, em linha com a retórica norte-americana.
O The Guardian, do Reino Unido, descreveu o episódio como “o pior dia de violência da história do Rio”. O jornal afirmou que o Comando Vermelho teria usado drones armados para lançar explosivos contra as forças de segurança — um fato inédito nas operações policiais brasileiras. Segundo o veículo, “mais de 80 pessoas foram presas e 93 fuzis automáticos apreendidos”, o que evidencia o poder de fogo das facções.
Outro jornal britânico, o Financial Times, também classificou o caso como “a operação mais letal da história da cidade”. A reportagem destacou que o avanço do crime organizado no Brasil é impulsionado pelo aumento do consumo de cocaína na Europa e nos EUA, o que fortalece os cartéis de narcotráfico sul-americanos. O texto ainda lembrou que o episódio ocorre às vésperas de eventos ligados à COP30, que será realizada em Belém, no Pará.
O jornal espanhol El País afirmou que a violência “foi extrema até mesmo para os padrões do Rio de Janeiro”, cidade marcada pela desigualdade e por altos índices de criminalidade. O veículo destacou que membros do Comando Vermelho usaram granadas lançadas por drones contra policiais e lembrou que a polícia brasileira é uma das mais letais do mundo, responsável por cerca de 10% das mortes violentas registradas no país.
A rede BBC, de Londres, chamou a ação de “a mais sangrenta operação da história do estado brasileiro” e citou o posicionamento da ONU, que disse estar “horrorizada” com o número de vítimas. Já a emissora Al Jazeera, do Catar, afirmou que “o número de mortos atraiu atenção internacional” e questionou a eficácia desse tipo de ofensiva, relembrando tragédias anteriores como a chacina do Jacarezinho.
De forma unânime, a imprensa internacional ressaltou o impacto da operação sobre a população civil, o uso de armamentos pesados por facções criminosas e a escalada da violência urbana que transformou o Rio de Janeiro em palco de uma “verdadeira guerra” — expressão que, segundo os jornais estrangeiros, define o cenário visto nas ruas da cidade.






