Desde tempos imemoriais, Sonic é sinônimo de velocidade nos games. Seja em seus jogos principais ou nas séries de corrida Racing e Riders, o ouriço azul sempre entrega um gameplay ágil, colorido e muito divertido, e em Sonic Racing: CrossWorlds a franquia se sedimenta mais uma vez nessa fundação.
Não sou um fã raiz de Sonic, quase não joguei nenhuma entrada principal da série, mas quando falamos de seus jogos de corrida, tenha certeza que não sou um novato. Dito isso, posso afirmar que CrossWorlds é o retorno perfeito ao auge desse segmento. Desde Sonic & All-Stars Racing Transformed não me divertia tanto com um jogo de kart, mesmo que algumas das expectativas não tenham sido atingidas.
Divulgação/SEGA
CrossWorlds traz de volta as transformações de Transformed, fazendo os veículos correrem por terra, água e ar em circuitos que se modificam a cada volta. Isso acontece não só pelos novos caminhos que são abertos, mas também pelos anéis de teletransporte que sempre aparecem para deslocar os corredores para outros circuitos. As corridas nunca são as mesmas, já que a cada volta um anel te leva para outra pista.
Com isso, jogar os clássicos Grand Prix sempre traz uma experiência diferente. Cada vez que os anéis surgem, um mundo de possibilidades se abre, e cabe ao primeiro colocado fazer a escolha entre dois destinos possíveis. Você pode estar no deserto e em um instante ir direto para a boca de um vulcão com dragões de fogo gigantes indo em sua direção; ou ir de um mundo jurássico, com dinossauros na pista, direto para a fábrica de robôs de Robotnik. Você nunca sabe como vai ser a corrida até o momento derradeiro, e esse é o melhor sentimento que o jogo entrega. Ainda há pequenas variações que podem surgir dentro dos portais, aumentando ainda mais as possibilidades.
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Nada disso seria bom se não fosse pela tecnologia em uso. A transição entre pistas é feita de forma magistral, sem trava no movimento dos carros e possibilitando que itens arremessáveis passem tranquilamente entre os dois mundos. Isso tudo acontece ao mesmo tempo em que o jogo mantém uma taxa de quadros estável, gráficos com texturas de ponta e pistas lindíssimas. Não consigo expressar em palavras o quanto esse jogo vibra em beleza e personalidade. É algo que só é percebido com o controle na mão e a velocidade no coração.
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Os itens utilizáveis durante as corridas também são um show à parte. Sinto que há muita originalidade em cada um deles, sendo no fantasma que seria o equivalente ao casco azul, ou nos diferentes itens de velocidade. A inventividade aqui é palpável, e também muito balanceada.
Os itens não são travados a certas posições, ou seja, mesmo se estiver em primeiro lugar há altas chances de vir um item útil, em vez do contrário. É perceptível o carinho que os desenvolvedores tiveram em cada parte da experiência, apesar de que às vezes possam aparecer itens normais, mesmo quando você precisava de um boost milagroso, estando na última posição.
O alicerce técnico do game não é suficiente para sustentá-lo, e o manejo dos veículos é a outra peça chave que torna CrossWorlds um espetáculo. Com cinco categorias diferentes de carros e pilotos, o jogo abre as portas para as pistas, mas é a customização dos carros que os fazem engatar a quinta marcha.
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Antes de tudo, é possível usar um piloto de uma categoria com um carro de outra. Por exemplo, você pode usar Shadow, um corredor de Velocidade, com um carro que prioriza a Pilotagem, resultando em um carro nem tão veloz, mas que é um perigo no drift, mantendo um bom equilíbrio entre os dois. Ainda assim, ficando suscetível a batidas de outros carros, que é o forte da categoria Potência.
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Ainda é possível usar diferentes partes dos veículos disponíveis, em uma mistura de dianteira, traseira e pneu para montar o seu carro custom perfeito. O único impeditivo, pelo menos inicialmente, é o custo das peças, que podem ser compradas com bilhetes conquistados dentro do jogo. No começo, eles pareceram poucos, mas nas maiores dificuldades eles vêm em grandes quantidades.
As possibilidades que a customização traz são demasiadas para listar aqui, sem falar na customização visual, com decalques e pinturas. Incrivelmente, esse quebra-cabeças tem mais uma peça essencial: os Dispositivos.
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São mais de 70 dispositivos para equipar em uma cartela de seis espaços, chamada de Placa de Mestre. Cada dispositivo tem o seu peso, podendo um único power up ocupar até três espaços de uma vez. Eles vão de facilitadores de drift até a possibilidade de segurar mais itens — ou até mesmo modificá-los, tornando um míssil maior, por exemplo.
Com tudo isso somado, Sonic Racing: CrossWorlds possui uma customização que beira a insanidade, e sinto que nem arranhei a superfície dela. Mal posso esperar pelo lançamento do jogo, porque com certeza várias builds que jamais conseguiria imaginar irão surgir pela internet.
A imersão que o jogo oferece também não é para ser descartada. Todos os personagens possuem dublagem e fazem comentários durante as corridas, como quando Shadow passa por você e tira um sarro da sua cara. Esses momentos encaixam muito bem com a mecânica dos Rivais. Sempre que for começar um Grand Prix, um rival será selecionado, podendo ter seu nível de dificuldade customizável. Durante o campeonato ele vai trocar farpas com o seu personagem e fazer comentários quando perde ou ganha.
Cada interação entre os rivais é única, variando de acordo com o piloto que você controla. Por exemplo, usando Sonic e tendo Shadow como rival, a picuinha acontece de um jeito, e ela muda se as posições forem invertidas. Esse tipo de atenção aos detalhes engrandece o jogo e aquece até mesmo o coração de quem não é um fã assíduo de Sonic. Porém, o sistema apresenta algumas falhas.
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Ao vencer todos os rivais, percebi que o jogo os desbalanceava de propósito. Não importa a dificuldade selecionada, o rival sempre vai ser o melhor NPC da pista, chegando consistentemente no pódio de cada corrida. Em teoria, isso faz sentido, já que derrotar todos é um dos objetivos do jogo, mas na prática gera momentos frustrantes.
O problema fica escancarado quando todos os NPCs jogam mais contra você do que contra o seu rival. Isso ocorre por ele estar em primeiro lugar na maioria do tempo, já que ele larga sempre nessa posição e quase nunca comete erros — estando mais longe do pelotão, é mais difícil ser acertado por um item dos outros corredores. Quando o jogador finalmente consegue a segunda posição, toda a pista foca nele: é tiro e queda. Com isso, o jogo passa a sensação que todo mundo está ajudando o seu rival, o que passa longe de ser agradável.
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Já o modo Online é extremamente competente. Não consegui jogar muito antes do embargo do review cair, já que os servidores só abriram no dia 16 por cinco horas, mas foi uma excelente experiência. Não tive nenhum problema de lag, ganhei metade das corridas, e cheguei em segundo nas outras. Joguei também com pessoas de todas as plataformas, já que o jogo tem crossplay, o que é ótimo.
Quando falamos de conteúdo, CrossWorlds chega quase à perfeição. Fora o Grand Prix e o Online, há também dois outros modos: Parque de Corrida e Prova de Tempo. Prova de Tempo é autoexplicativo, já o Parque de Corrida merece o seu momento nos holofotes.
Nele, temos objetivos diferentes para as corridas, e a maioria deles tem corredores divididos em times, mudando completamente a dinâmica da competição e ainda incluindo um sistema de Rivais modificado e diferentes prêmios. Nesses modos, bater nos aliados proporciona um boost de velocidade e os itens não os atingem, tudo em prol de cumprir objetivos de time, como angariar o maior número de anéis ou dar o máximo de boosts possível. O time que melhor cumprir esses objetivos ganha um bônus no placar final. Essas ideias podem ser encontradas também no modo online, e são extremamente divertidas quando aplicadas com outros jogadores.
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Outra parte muito interessante são os festivais temáticos, onde cada mês um novo personagem é o tema central, com um passe de batalha único, sem custo adicional, com vários itens de personalização. Infelizmente, por estes eventos girarem em torno dos novos personagens, eles não estavam disponíveis no periodo de review, e dos personagens convidados, apenas a Hatsune Miku foi liberada.
A junção de todos esses jeitos de jogar torna o pacote de Sonic Racing: CrossWorlds extremamente completo em termos de gameplay, tornando ele um jogo para jogar e rejogar de diferentes formas.
Não irei negar que o que mais fez falta em CrossWorlds foi a falta de um modo história. Sim, narrativa em jogo de kart em 2025 pode parecer irreal, mas tendo em vista os antigos jogos de corrida do ouriço, como Sonic Riders: Zero Gravity, não seria algo absurdo de se esperar.
Sinto que toda a personalidade gerada pela mecânica dos Rivais poderia ser melhor aproveitada dentro de um contexto mais rico e aprofundado. Zero Gravity, que marcou minha infância, e outros jogos do gênero possuíam uma história e personagens próprios, que complementam e ampliam muito o mundo em que as corridas acontecem. Inclusive, os personagens da série Riders estão de volta em CrossWorlds, junto das pranchas características da série, o que me deixou muito feliz.
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Jogos de kart são sobre diversão, ao explodir seus amigos com itens, ou fazer os drifts mais deliciosos possíveis. No final das contas, os pequenos buracos de Sonic Racing: CrossWorlds são insignificantes. Quando paro para pensar sobre o jogo, só me vêm à mente suas lindas pistas, a personalidade de cada personagem dentro do cockpit, sua trilha sonora vibrante e alegre e, é claro, a mais pura velocidade.
Fonte: Omelete TV
