Organização antifascista e antirracista é descentralizada e não tem líderes definidos nos Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (17) que classificará a Antifa como uma organização terrorista de grande escala, em sua primeira medida concreta de repressão à esquerda após o assassinato do influenciador ultraconservador Charlie Kirk. O ativista, aliado de Trump, foi morto a tiros durante um evento estudantil na Utah Valley University, no último dia 10.
“Tenho o prazer de informar aos nossos muitos patriotas americanos que estou classificando a ANTIFA, UM DESASTRE DOENTIO, PERIGOSO E RADICAL DA EXTREMA ESQUERDA, COMO UMA GRANDE ORGANIZAÇÃO TERRORISTA”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social, usando letras maiúsculas em parte da mensagem. O republicano também prometeu recomendar investigações contra aqueles que financiam o movimento.
Assassinato de Charlie Kirk intensifica pressão
O crime contra Charlie Kirk provocou forte mobilização da base trumpista. O principal suspeito, Tyler Robinson, 22 anos, foi formalmente acusado por sete crimes e pode enfrentar a pena de morte. Para Trump, a ação foi resultado da retórica da “esquerda radical”, que segundo ele incentiva violência contra conservadores.
Em declarações públicas, aliados do republicano têm apontado para o episódio como justificativa para endurecer contra grupos progressistas. O assessor da Casa Branca, Stephen Miller, afirmou em um podcast que o governo pretende usar o caso para “desmontar redes terroristas domésticas”.
Histórico de embates com a Antifa
A tentativa de enquadrar a Antifa como grupo terrorista não é nova. Em 2020, durante os protestos antirracistas após a morte de George Floyd, Trump já havia prometido tomar a mesma medida. Na ocasião, seu então secretário de Justiça, William Barr, acusou o movimento de sequestrar manifestações pacíficas para promover atos violentos.
Apesar disso, até hoje não houve uma designação oficial, já que a legislação americana limita a classificação de organizações terroristas a grupos estrangeiros. Especialistas lembram que a Antifa não é uma entidade centralizada, mas uma rede difusa de ativistas antifascistas e antirracistas, muitas vezes ligada a protestos de rua.
Reações e críticas
A decisão levantou alertas entre democratas e setores da sociedade civil. O ex-presidente Barack Obama criticou a retórica de Trump, afirmando que o país atravessa “um momento perigoso” e que a violência política mina a democracia americana.
Já a direita vê no caso uma oportunidade de ampliar o discurso contra opositores. No podcast especial em homenagem a Charlie Kirk, o vice-presidente J. D. Vance afirmou que “não há unidade possível com pessoas que comemoram a morte” do influenciador.
Enquanto isso, publicações progressistas acusam Kirk de disseminar discursos de ódio. A revista The Nation publicou artigo dizendo que o conservador era “racista, transfóbico e misógino inveterado”.
Fonte: CNN Brasil