Causa da morte de professora durante atendimento em UPA é investigada; marido agrediu médico

A Polícia Civil investiga a causa da morte da professora Nathali Haydee Cunha durante o atendimento em uma unidade de saúde de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. A família denuncia que houve negligência por parte do médico Pablo Henrique. O marido da paciente chegou a agredi-lo após saber da morte da esposa. O profissional nega que houve falha no atendimento.

Nathali foi diagnosticada com dengue. Mesmos com um teste dando negativo para a doença, a equipe médica avaliou que ela tinha todos os sintomas e a medicou. Ela foi para casa, mas, dias depois, voltou à Unidade de Pronto Atendimento Mansões Odisseia, onde foi atendida por Pablo Henrique e medicada. Porém, o estado de saúde dela se agravou e ela acabou morrendo.

O delegado Leonardo Chamon disse que já foi aberta uma investigação sobre o caso. “Ouvimos o médico e o marido da paciente sobre a lesão corporal. Agora, precisamos aguardar o laudo que vai apontar a causa da morte para analisar se houve negligência. Se comprovado, o crime será de homicídio culposo”, explicou. O laudo tem o prazo de 30 dias para ficar pronto.

A Associação Beneficente Amigos do Hospital (Abah), responsável pela administração da UPA, disse que “o prontuário da paciente Nathali Haydee Cunha Falcão de Melo está sob análise da Comissão de Óbito, que, juntamente com o Núcleo de Segurança do Paciente, estão analisando a assistência prestada durante sua passagem por esta unidade de saúde”.

A associação explicou que a revisão do prontuário faz parte de um processo interno de apuração aberto para entender todo o ocorrido. Além disso, estão sendo revistos todos os processos de atendimentos aos pacientes para tentar melhorar o serviço prestado.

Por fim, a direção da unidade repudiou a agressão ao médico Pablo Henrique e se solidarizou com a família da paciente pela perda.

Médico é agredido por marido de paciente que morreu durante atendimento em UPA de Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/PM/Pablo Henrique/Arquivo Pessoal

Médico é agredido por marido de paciente que morreu durante atendimento em UPA de Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/PM/Pablo Henrique/Arquivo Pessoal

Entenda o caso

Nathali procurou a UPA no dia 6 de dezembro, com dores no corpo. Um médico atendeu a mulher, que foi diagnosticada com dengue. Ele, então, passou um medicamento para que ela tomasse em casa. Sem melhorar, Nathali voltou no dia 11. Ela foi atendida pelo médico Pablo Henrique.

Ela foi encaminhada para tomar soro e receber medicações. Porém, o quadro dela foi se agravando.

“O marido foi lá no médico e falou: ‘Doutor, a situação está pior, a minha esposa parece que está com o corpo ficando gelado, está ficando pálida. Ela disse que não quer morrer, ela disse que está sentido que está morrendo, faz alguma coisa’. Mas o médico falou: ‘não, eu tenho que esperar o soro acabar’”, narrou o advogado da família, Fábio Cavalcanti.

Um tempo depois, Jhader voltou a procurar Pablo, mas não o encontrou. “Nisso, uma professora de enfermagem viu a situação e falou: ‘essa mulher não tem que estar aqui, tem que estar na sala vermelha, ela está morrendo, tem que fazer alguma coisa, ela não pode estar aqui’. A resposta foi que o médico responsável estava vindo e ele é que tinha que cuidar”, afirmou o advogado.

Jhader de Melo e a esposa, Nathali Haydee — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Jhader de Melo e a esposa, Nathali Haydee — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A paciente, segundo o marido, estava gritando de dor, se debatendo e tirando à força a medicação do braço, na tentativa de parar a dor. Foi quando o médico teria gritado com a mulher, pedindo para que ela calasse a boca.

“A esposa começou a debater na sala, espernear e gritar de dor. Nesse momento, o médico disse: ‘é melhor você calar a boca, essa dor toda não é para isso’”, contou o advogado.

Nathali começou a apresentar quadros de desmaio e foi levada para uma sala de emergência, chamada de “Sala Vermelha”. Segundo o advogado, após um tempo, um outro médico retornou de lá e comunicou à Jhader a morte da mulher.

Agressão

O marido da paciente confessou aos policiais que ficou nervoso com a notícia do óbito da esposa e, por isso, invadiu a sala do médico para agredi-lo.

Um exame de corpo delito constatou que o médico teve um ferimento de três centímetros em uma das pálpebras causada pelos socos.

Os dois foram levados para a Delegacia de Águas Lindas de Goiás, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra Jhader pelo crime de lesão corporal.

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