Black Keys e QOTSA se destacam na segunda noite de Lollapalooza

Carlos Albuquerque, O Globo

Josh Homme, vocalista do Queen of the Stone AgeDivulgação

Com braço forte, o Black Keys suportou na marra a pressão de ter  que tocar um pouco depois do poderoso Queens of The Stone Age. Apoiado em  faiscantes riffs de guitarra, a dupla Dan Auerbach e Patrick Carney encerrou,  sem tropeços, a segunda noite do festival, que teve também bons momentos de Gary  Clark Jr, Toro Y Moi e Two Door Cinema Club; e uma simpática, porém morna,  estreia do Alabama Shakes no Brasil.

Como um ZZ Top com brilho glitter, como já falou alguém, o grupo combina peso  e groove de bastante particular, como demonstraram músicas como “Howlin’ for  you” e “Next girl”, a arrepiante dobradinha que abriu a apresentação. “Little  black submarines”, levada por Auerbach no violão, foi um breve momento de  suavidade, logo quebrada por “Money maker” e “Strange times”. A indiscutível  estrela da noite “pesada” do festival fechou a festa com “I got mine”.

Queens of the Stone Age

De baterista novo (Jon Theodore, importado do Mars Volta), o Queens of The  Stone Age – que carrega o DNA do poderoso e subestimado Kyuss – pegou pesado,  como sempre, em sua aparição no Lollapalooza. Com seus súditos ocupando uma área  que ia quase até o outro palco em frente, o grupo de Palm Springs ficou a  vontade para estrear também música nova (“My god is the sun”) num set sem  firulas e gorduras, comandado pela venerável figura de Josh Homme.

Da primeira (“The lost art of keeping a secret”) à última música (“A song for  the deaf”, com seus falsos finais), não houve quedas de energia na turma da  Idade da Pedra.

– É um prazer estar aqui curtindo e bebendo com vocês – afirmou Homme, dando  o clima da apresentação, que teve espaço até para uma balada (machona, claro), a  divertida “Make it wit chu”.

Com apenas um disco na manga (“Boys & girls”), o grupo americano Alabama  Shakes fez o que podia na sua estreia no Brasil: confirmou ter uma excelente  cantora (Brittany Howard), apresentou um punhado de boas canções, mas por conta  de sua própria imaturidade não chegou a esquentar a plateia do Lollapalooza.  Reciclando o melhor do soul e do rock sulista, safra 1970, mas sem acrescentar  algum elemento novo ou original à essa receita, o grupo fez uma apresentação  morna, apoiada em músicas como “Hold on”, “Be mine”, “I found you” e “Always  right”. Talvez num lugar menor – como o Circo Voador, onde o grupo se apresenta,  na próxima segunda-feira – a esperada chama do Alabama Shakes se acenda  realmente.

Two Door Cinema Club

Repetindo a atuação animada do dia anterior no Rio de Janeiro, que levou uma  penca de gente ao Circo Voador, os norte-irlandeses do Two Door Cinema Club  mostraram por que conquistaram uma multidão de fãs no Brasil: show repleto de  hits, como “What you know” (do disco “Tourist History”, de 2010). A plateia  respondeu pulando muito. Eles souberam mesclar bem as canções mais famosas com  as do disco mais recente, “Beacon”, lançado em setembro do ano passado.

Gary Clark Jr.

Em meio ao colorido painel musical do Lollapalooza 2013, Gary Clark Jr  desfilou representando os tons básicos. Alto, de camiseta e calça preta, quase  um clone do ator Samuel L Jackson, o guitarrista americano tentou se comunicar  com o público no idioma do blues elétrico, ensinado por gente de peso como  Stevie Ray Vaughan e Eric Clapton.

Mesmo correndo pela raia de fora – boa parte das pessoas parecia apenas  contar o tempo para o começo do Two Door Cinema Club – e sofrendo com problemas  no som, sem mencionar o pavoroso cheiro de esterco ao lado do palco, resultado  da chuva no dia anterior, ele fez bonito, demonstrando habilidade no instrumento  (chegou a simular um scratch nas cordas) e citando Jimi Hendrix (“Third stone  from the sun” em “If you love me like you say”) e Stones (“(I can’t get no)  Satisfaction”). Acabou saindo palco aplaudido, ao menos por respeito, com  “Bright lights”.

Toro y Moi

Mais sorte teve Chaz Bundic (vulgo Toro Y Moi), que veio antes, com um show  redondo, em alto e bom som, apresentando o material do seu mais recente  disco,”Anything in return”. Diferentemente de sua hesitante apresentação no  Planeta Terra há dois anos, ele mostrou estar mais à vontade no palco, ao lado  de sua banda, e que amadureceu o seu estilo, antes chamado de chillwave e agora  mais próximo de uma ensolarada soul disco, cristalizada pela música “So many  details”, com que encerrou o show.

Estrutura

Na Sexta-feira Santa, o dia foi marcado por filas para trocar ingresso  comprado na internet nas bilheterias do Jockey Club paulista. E também pela lama  gerada pela chuva. Neste sábado, as filas diminuíram, mas ainda pode-se levar  até 50 minutos para entrar no local. Recomenda-se evitar os portões 6 e 2, que  são mais próximos das estações de metrô e ônibus. Quem comprou ingressos com  carteirinha de estudante precisa ter o documento em mãos e se direcionar para  uma fila especial.

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