
JOANICE DE DEUS, DIÁRIO DE CUIABÁ
Os frigoríficos JBS, Minerva e Marfrig compraram milhares de cabeças de gado de uma fazenda mato-grossense ligada ao desmatamento da Floresta Amazônica desde 2018, conforme informou a agência Reuters, com base em relatório do Greenpeace Brasil. As três empresas compraram gado da fazenda Barra Mansa, de Nova Lacerda (546 km a Oeste de Cuiabá). Essa propriedade, por sua vez, recebeu ao menos 4 mil cabeças de gado da Fazenda Paredão, localizada de forma ilegal em parque estadual desmatado. As duas fazendas compartilham um mesmo proprietário.
A transferência de gado de uma fazenda ilegal para outra, regularizada do ponto de vista ambiental, é uma prática conhecida como “lavagem de gado”, e acaba burlando os sistemas de monitoramento dos frigoríficos do país.
Procurada, a Minerva reconheceu que comprou gado da Barra Mansa, mas informou que a Fazenda Paredão está bloqueada em seu cadastro de fornecedores.
A partir das informações divulgadas na quinta-feira (4) pelo Greenpeace, a empresa vai investigar os fatos.
“Caso seja encontrada qualquer irregularidade no processo de fornecimento do gado pela fazenda Barra Mansa para a nossa unidade de Mirassol D’Oeste (300 km a Oeste da Capital), as providências cabíveis serão adotadas”, disse a empresa, por meio da assessoria.
Em nota, a Marfrig informou que a Fazenda Paredão não está em seu cadastro.
De acordo com a empresa, a Fazenda Barra Mansa atende a todos os critérios adotados no compromisso firmado pela empresa em 2009, de não comprar gado de propriedades em áreas de desmatamento ou embargadas, sobrepostas a unidades de conservação ou terras indígena ou associadas ao trabalho análogo à escravidão. A JBS também informou, em nota, que a Fazenda Paredão nunca esteve em seu cadastro.
A companhia disse que “está comprometida com a erradicação do desmatamento” e que já bloqueou 9 mil fornecedores por não conformidades. A JBS destacou ainda que, em parceria com Ministério Público Federal (MPF) e Imaflora, criou o programa que definiu critérios de monitoramento de fornecedores de gado aos frigoríficos brasileiros que atuam na Amazônia Legal.
Nesse programa, que entrará em vigor em 1º de julho, há medidas para combater a lavagem de gado. “Se uma propriedade fornecedora de gado tiver uma produtividade acima da quantidade máxima estabelecida, ou seja, três cabeças de gado por hectare por ano, deve então verificar se a fazenda utiliza algum sistema de produção de alta produtividade que possa justificar o número alcançado”, disse.