Ricardo Penna
A surpreendente aliança de Marina Silva e Eduardo Campos caiu feito uma bomba no meio político. Há aqueles que consideraram uma manobra genial. Outros uma jogada perigosa que tenta misturar água e óleo. Ninguém nega que o movimento desorganizou os planos de muitos candidatos e partidos.
No Distrito Federal, a primeira consequência da aliança Eduardo/Marina foi o lançamento da candidatura do deputado federal José Antônio Reguffe pelo PDT. Proporcionalmente o deputado mais votado do país e líder nas regiões de alta renda do DF, causou grande rebuliço nas redes sociais em relação ao seu trabalho parlamentar e sua capacidade de conduzir o executivo. O senador Cristovam Buarque foi muito lembrado nos debates como um político “bom de pensar”, mas “ruim de executar”.
De fato, Reguffe é um político sério, obstinado, integro e trabalhador que concentrou seu discurso –basicamente – nas ações de varejo relacionadas ao seu próprio mandato. Foi muito contra e pouco a favor. Contra o 14º salário, contra as mordomias, contra o voto secreto e contra o auxílio-moradia. Seus votos foram – em sua grande maioria – obtidos devido a sua intransigência no combate aos desperdícios relacionados ao cumprimento do mandato parlamentar. O comportamento do deputado, no desempenho de seu mandato, não é pouco nem desnecessário. É preciso rigor na gestão pública. A austeridade nos detalhes poderá transformar-se em eficiência na condução do executivo.
Está tudo certo até aqui. Agora, no entanto, lançado candidato pelo PDT para o Governo do Distrito Federal, tem a obrigação de ampliar seu discurso. Agora, não basta apenas economizar e ter uma vida frugal. O candidato a governador de um estado com R$ 35 bilhões de reais de orçamento precisa informar aos eleitores sua visão de cidade. Economizar alguns milhões com um mandato modesto é bom, mas é bem mais fácil do que mostrar o caminho para transformar o DF em um território com menores desigualdades e maior crescimento econômico.