
Os suspeitos que executaram a tiros os dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no acampamento em Alhandra, na Região Metropolitana de João Pessoa, conheciam a área e o funcionamento do local. A informação é da delegada seccional da região de Alhandra, Roberta Neiva, que também confirmou no domingo (9) que as duas mortes foram execuções. Informações do G1 PB
José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, de 46 anos, e Rodrigo Celestino, de 38 anos, foram mortos a tiros durante o jantar em uma das casas do acampamento Dom José Maria Pires, em Alhandra. Orlando, uma das lideranças do MST na Paraíba visitava o local, e Rodrigo morava no acampamento montado na fazenda Igarapu desde julho de 2017.
Ainda de acordo com Roberta Neiva, os suspeitos entraram no acampamento sem quebrar as cancelas que controlam a entrada de pessoas e veículos. “O perímetro me diz que quem entrou e saiu conhecia a área. O que a gente tem absoluta certeza é de que os dois homens que foram mortos não estavam sozinhos no local. Não parece ter sido um abrir fogo, aparentemente, os disparos foram direcionados às duas pessoas”, comentou.
Polícia da Paraíba investiga o assassinato de dois integrantes do MST
O MST informou nesta segunda-feira (10) que, desde a ocupação da área da fazenda Igarapu, não foi registrado nenhum tipo de conflito na região pela terra ou algum tipo de ameaça. A informação de nenhum conflito no local do acampamento Dom José Maria Pires também foi confirmado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Por meio de nota, o superintendente do Incra na Paraíba, Rinaldo Maranhão, informou que o órgão trabalhou reiteradamente na desapropriação da área invadida. “Em menos de um ano, a equipe técnica do Incra/PB formalizou o processo de desapropriação e seus agrônomos realizaram a análise preliminar do imóvel. Os procedimentos avançam observando-se as normas vigentes e o devido processo legal”, explica a nota.
O Incra esclareceu que pelo fato da desapropriação não ter sido feita, a área onde funciona o acampamento Dom José Maria Pires é uma área particular, sem gestão do Incra. “A Ouvidoria Agrária Nacional (OAN), órgão interno dessa instituição responsável por acompanhar eventuais conflitos agrários que envolvam o processo de desapropriação de terras no Brasil, desconhece registro de conflitos fundiários em relação a esse imóvel”, afirma o órgão.

Militante do MST morto é o 2º da família ligado a movimentos sociais que é executado
A fazenda Igarapu, área ocupada pelo MST, pertence à Companhia Agroindustrial de Goiana (CAIG), mais especificamente às Usinas Santa Tereza, de acordo com o Incra. O G1 tentou contato com os proprietários da terra, mas as ligações não foram atendidas. Atualmente, cerca de 450 famílias moram no acampamento Dom José Maria Pires.
Enterro
O corpo de Orlando foi enterrado na manhã desta segunda-feira (10) após cerimônia religiosa na cidade de Mari, a cerca de 60 km de João Pessoa. O velório ocorreu no domingo (9) na igreja dentro do assentamento Zumbi dos Palmares, na mesma cidade, local onde Orlando morava. Rodrigo Celestino foi velado e sepultado em João Pessoa em cerimônia fechada a familiares e amigos no domingo.