Se Ibaneis ganhar, vai ser cassado por compra de voto, diz Rollemberg

Com o desafio de virar o jogo na disputa pelo Palácio do Buriti, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) direcionou a campanha para criticar o adversário do segundo turno, Ibaneis Rocha (MDB). O candidato à reeleição participou ontem de sabatina realizada pelo Correio Braziliense, transmitida ao vivo pela TV Brasília e pelas redes sociais do jornal. Ele aproveitou o espaço e apresentou um balanço da gestão, fez promessas para um novo mandato, mas, principalmente, apontou questões controversas relacionadas ao rival, como a acusação de compra de voto. O programa ocorreria em formato de debate, mas o emedebista não compareceu ao encontro e, seguindo normas da legislação eleitoral, o jornal realizou uma entrevista com o governador.

Durante uma hora de sabatina, Rodrigo Rollemberg privilegiou os ataques ao adversário e lamentou a ausência do emedebista no encontro. O candidato à reeleição voltou a mencionar o episódio em que Ibaneis prometeu reconstruir casas derrubadas no Assentamento 26 de Setembro com o próprio dinheiro. Para Rollemberg, o caso pode levar à cassação do rival, caso ele seja eleito no próximo domingo. “Lamento muito a ausência do meu adversário. Seria uma grande oportunidade para o candidato adversário esclarecer vários temas que tenho trazido aos debates e que ele não consegue responder”, afirma.

De acordo com o governador, a promessa feita por Ibaneis a moradores que tiveram casas demolidas configura “compra de voto. “A legislação eleitoral é muito clara. Você pode fazer o que quiser com seu dinheiro fora do processo eleitoral. Dentro do processo eleitoral, você não pode comprar votos, não pode oferecer um benefício econômico que outros candidatos, por viverem em uma vida honrada e de salário, não podem oferecer. Isso traz uma desigualdade na competição. Ele está fugindo dos debates porque, a cada confronto, ele produz provas contra si mesmo”, disparou o governador.

Rollemberg afirmou que o risco de cassação de Ibaneis, no caso da eleição do rival, traria “uma instabilidade política muito grande para Brasília”. “Seria como a época da Caixa de Pandora, quando tivemos, em cinco meses, quatro governadores. Aliás, é importante registrar que todos os envolvidos na Pandora estão apoiando a candidatura de Ibaneis”. Questionado se a estratégia não configura “terrorismo eleitoral”, Rollemberg negou. “Se tivermos um candidato cassado, vamos paralisar Brasília. Imagine as consequências disso para a nossa população”.

O representante do PSB falou ainda sobre acusações de que estaria produzindo fake news contra Ibaneis Rocha. O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF apresentou representação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), denunciando um suposto esquema para difamá-lo. Segundo Ibaneis, haveria indícios de que o GDF seria responsável pela produção de notícias falsas. Ontem, o TRE negou pedido de liminar para impedir, sob pena de multa, que a campanha de Rollemberg veicule fake news contra Ibaneis. A magistrada entendeu que falta consistência quanto à veracidade das alegações deduzidas pela defesa do emedebista.

Reajuste

Durante a sabatina, Rollemberg falou sobre sua atuação para ajustar as contas públicas e criticou promessas de campanha apresentadas pelo adversário, como a concessão do reajuste a policiais civis em paridade com a Polícia Federal — a corporação recebeu aumento de 37%. “Com as promessas de Ibaneis, Brasília quebraria antes de chegar ao aniversário”, disse. “Não serei conhecido como o governador que quebrou o DF”, acrescentou. Segundo o governador, as medidas adotadas permitiram o pagamento dos salários do funcionalismo em dia.

O governador foi questionado sobre a destinação de recursos para a obra do trevo de triagem norte, grande obra viária de sua gestão, em detrimento de investimentos na saúde. Segundo Rollemberg, o dinheiro para a empreitada veio de financiamentos e que, “com a casa arrumada”, o GDF pôde pagar a contrapartida e obter os recursos. Ele reconheceu as falhas na área da saúde, mas lembrou que o setor enfrenta dificuldades em outros estados. Na entrevista, Rollemberg falou ainda sobre a importância do combate a facções criminosas, como o PCC, e defendeu o trabalho da Agência de Fiscalização do DF (Agefis) durante sua gestão. O trabalho do órgão foi alvo de duras críticas ao longo da campanha e rivais do governador, como Ibaneis, prometeram extinguir a agência.

A sabatina realizada ontem encerrou um ciclo de debates realizados pelo Correio Braziliense ao longo da disputa pelo Palácio do Buriti. No primeiro turno, sete candidatos participaram de dois embates, durante os quais apresentaram propostas e trocaram acusações. Os encontros organizados pelo Correio ficaram entre os assuntos mais comentados no Twitter em todo o Brasil. No segundo turno, o jornal realizou um debate, no último dia 11, que contou com a presença de Rollemberg e de Ibaneis.

Emedebista não apareceu

Convidado para o debate de ontem, o candidato ao Palácio do Buritio pelo MDB, Ibaneis Rocha, não compareceu ao encontro. Em nota na abertura do programa, a apresentadora Simone Souto disse que, “nesta situação, a Resolução nº 23.551, de 2017, prevê no artigo 40, inciso 3, que o tempo destinado ao debate pode ser convertido em entrevista com o candidato que comparecer. Em respeito a você que nos acompanha e ao candidato que aqui está, vamos realizar essa entrevista, que terá duração total de 1h. Nós teremos um total de três blocos.”