O número de presos na megaoperação Luz na Infância chegou a 108 na tarde de hoje (20), informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Policiais civis de 24 estados e do DF cumprem 178 mandados de busca e apreensão relacionados à prática de pedofilia. Ao deparar com material pornográfico de crianças e adolescentes na casa dos suspeitos, os agentes efetuam as prisões, em flagrante.
No período da tarde, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, havia atualizado para 97 o número de presos da megaoperação Luz na Infância, que já cumpriu 106 dos 178 mandados de busca e apreensão emitidos pelos tribunais de justiça estaduais. As informações sobre os suspeitos foram fornecidas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública às polícias civis dos estados, que têm jurisdição sobre o crime e deram continuidade às investigações. No Amapá e no Piauí, o trabalho não foi concluído a tempo da deflagração da operação, que envolveu os outros 24 estados e o Distrito Federal. O ministro afirmou que o trabalho continua e mais mandados podem ser emitidos nos próximos dias.
Cerca de 1,1 mil policiais civis de 24 Estados brasileiros e do Distrito Federal estão nas ruas nesta sexta-feira, 20, em uma megaoperação contra a pedofilia. Segundo a Senasp, é uma das maiores operações na área já realizadas no mundo.
Torquato Jardim destacou a importância da cooperação internacional em tecnologia para a segurança pública no Brasil, explicando que os principais crimes que precisam ser combatidos no país são praticados por quadrilhas que têm ligações transnacionais, como os crimes cibernéticos e os tráficos de drogas, armas e pessoas.
“Nada se passa no espaço exclusivo do território nacional. A integração federativa é fundamental, e a integração internacional não é menos fundamental em tecnologia. Essa é uma tecla que o Ministério da Justiça bate muito”, afirmou o ministro.
O número final de presos e mandados cumpridos será divulgado pelo Ministério da Justiça até o fim do dia. As investigações agora vão apontar se os presos fazem parte de quadrilhas nacionais e internacionais ou se agiam sozinhos. Também não foram divulgadas informações consolidadas sobre o perfil das pessoas que foram presas.
A Diretoria de Inteligência da Senasp contou com o apoio de parceiros nos Estados Unidos e na União Europeia, que colaboraram com a troca de informações e softwares necessários para monitorar os criminosos. Mais de 150 mil arquivos com conteúdo pornográfico de menores de idade foram encontrados pelas investigações.
“Está bem documentado, e com a maldade extra, porque os hackers conseguem esconder o seu arquivo criminoso dentro do seu laptop”, disse o ministro, explicando que uma das estratégias dos criminosos para se esconderem é armazenar o conteúdo pedófilo em computadores de outras pessoas. Os presos são acusados de armazenar e disseminar o material na internet de produzir o conteúdo pedófilo.
A operação Luz na Infância é resultado de uma investigação de seis meses coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, em parceria com secretarias de segurança regionais, polícias civis e a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Os agentes cumprem centenas de mandados de busca e apreensão, que levam às prisões em flagrante. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, dará mais detalhes sobre a ação em uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro, no fim da manhã.
Em São Paulo, computadores, celulares, câmeras, discos rígidos e outros equipamentos chegam desde o início do dia à sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro da capital. Ao menos 24 pessoas já haviam sido presas no Estado paulista, nove no Rio Grande do Sul, cinco no Distrito Federal e três em Goiás até as 10 horas.
Luz na Infância
O nome da operação é uma referência à ‘deepweb’ ou ‘web obscura’, ambiente online onde pedófilos costumam compartilhar materiais. Conforme o Ministério da Justiça, o nome sugere o teor bárbaro e nefasto dos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.
“A internet facilita esse tipo de conduta criminosa e, via de regra, os criminosos agem nas sombras e guetos da rede mundial de computadores. Luz na Infância significa propiciar às vítimas o resgate da dignidade, bem como tirar esses criminosos da escuridão para que sejam julgados à luz da Justiça”, diz a nota divulgada.
Integração
A Secretaria Nacional de Segurança Pública também destaca que a ação desta sexta resulta de uma força-tarefa entre a Diretoria de Inteligência do órgão e setores especializados em todo o País – como delegacias de repressão a crimes contra crianças e adolescentes e crimes cibernéticos, que vêm aprimorando o trabalho integrado. Informações da Agência Brasil/Estadão Conteúdo.