Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) detectou distorções sobre as tabelas de referência de preços em gastos do governo federal. A investigação, conduzida de forma sigilosa e encerrada em janeiro, apontou que um de cada três itens das tabelas do Sinapi tem preço mais de 30% acima do cobrado no mercado. Os problemas constatados fazem com que o governo pague, em casos como do preço do litro da gasolina, uma diferença 30%; do cimento asfáltico, 44%; do vidro, 62%. Para compras, o governo tem dois sistemas de referência: o Sinapi (com preços de material usado na construção civil) e Sicro (para obras de maior porte). As tabelas indicam os valores máximos que o governo aceita pagar e servem para orientar empresas em licitações. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.
As tabelas do Sinapi são produzidas com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que uma vez por mês vai às ruas fazer a coleta de preços que alimenta o sistema. Os critérios para a pesquisa de preços são estabelecidos pela Caixa Econômica Federal. Durante as investigações, os auditores concluíram que parte do problema pode estar na maneira como esse levantamento é feito. A diretora de pesquisa do IBGE, Márcia Kuintslr, atribuiu as distorções encontradas a diferenças nas metodologias empregadas pelos pesquisadores do IBGE e pelos auditores do TCU. O secretário-executivo da Comissão de Obras Públicas da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Carlos Eduardo de Lima Jorge, disse que o Sinapi é uma “referência genérica” e exige “adaptações em cada caso concreto para poder levar em conta as especificidades de cada projeto”. A Caixa informou que intensificou esforços “na manutenção, atualização e aprimoramento das referências de custos do Sinapi”. Com informações do Terra.