Brasília tornou-se ontem a primeira cidade-irmã de Washington na América do Sul. O termo de cooperação foi assinado na sede da prefeitura da capital norte-americana pelo governador Agnelo Queiroz e pelo prefeito Vincent C. Gray — a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o embaixador do Brasil, Mauro Vieira, e a chefe do escritório para assuntos intergovernamentais do Departamento de Estado, Reta Jo Lewis, assinaram como testemunhas.

  A partir do acordo, as duas cidades se comprometeram a estreitar os laços em áreas como educação, turismo, transporte, mobilidade, cultura e negócios. Já há estudos no âmbito do GDF para mandar alunos matriculados nas universidades do Distrito Federal para fazer cursos na George Washington University e na Georgetown University, duas das mais prestigiadas universidades americanas. Da mesma forma, alunos americanos farão cursos em Brasília.

  Na segunda-feira, já como resultado do acordo, a comitiva liderada pelo governador faz apresentação sobre oportunidade de negócios no DF a um grupo de empresários reunido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

  Em seu discurso, o governador Agnelo Queiroz convidou os americanos a participarem do que chamou de “grande salto em direção ao futuro” dado atualmente pelo Brasil e por Brasília. “Estamos planejando pelo menos cinco programas estruturantes ao mesmo tempo em que nos preparamos para receber dois dos maiores eventos do mundo, as copas do mundo e das confederações. Ficaremos felizes em tê-los como parceiros”, falou, ante de mencionar já ter recebido informações sobre o interesse de empresas americanas na gestão do novo Mané Garrincha, que será concedida em licitação internacional.

  Representante da Casa Branca em assuntos envolvendo Brasil, Rússia, China e Índia, Reta Jo Lewis, que liderou uma comitiva a Brasília e Rio na semana passada, disse que o acordo entre as duas capitais converge na linha do memorando de entendimentos assinado pela presidente Dilma Rousseff no ano passado. “Estamos celebrando fortes laços entre Brasil e Estados Unidos”, falou. Informações dq Agência Brasília.

  Confira, abaixo, a íntegra do discurso do governador Agnelo Queiroz:

  Senhores e Senhoras,

  Hoje, Brasília se irmana a Washington com muita honra e com a fraternidade esperada de fato entre irmãos. Quero dizer que estamos especialmente orgulhosos por sermos a primeira cidade da América do Sul a firmar o acordo de cidade-irmã com Washington, cidade que tanto admiramos pela qualidade de seu planejamento e pela beleza de seus palácios e monumentos.

  Semanas atrás, mais precisamente no dia 5 de fevereiro, o Governo do Distrito Federal encontrou, numa carta enviada pelo prefeito Vincent C. Gray, palavras de conforto pela grande tragédia que se abateu sobre nossos país — falo do incêndio numa boate na cidade de Santa Maria, que causou a morte de mais de 200 jovens brasileiros. Em nome dos brasilienses e de todos os brasileiros, quero agradecer ao prefeito publicamente pela solidariedade e pela delicadeza.

  Naquela mesma carta, recebemos o convite para ingressarmos no programa de cidades-irmãs desenvolvido por Washington DC e o aceitamos prontamente. Respondemos no dia seguinte. No dia 8, nosso secretário-chefe da Assessoria Internacional já negociava aqui os termos do acordo. Quero dizer que concordo com a percepção de sua equipe internacional, caro prefeito, segundo a qual nossas cidades tem muito em comum.

  Sim, cada uma a seu modo e conforme as peculiaridades arquitetônicas e urbanísticas de sua época, são ambas cidades planejadas. Muito embora Washington tenha mais de 200 anos de experiência urbana e Brasília apenas 53, as duas foram pensadas para oferecer um arranjo urbanístico que propicie a melhor qualidade de vida possível aos cidadãos. Uma como a outra abrigam pessoas de todo o país e também de vários outros países, materializando-se como a projeção tanto nacional como internacional de nossas grandes nações americana e brasileira.

  Desse espírito convergente, nasce o termo de cooperação que assinamos neste momento. Termo este que traz em seu artigo primeiro a disposição de compartilharmos informações sobre oportunidades de comércio e de investimentos. Quanto a isto, senhor prefeito, meu querido embaixador, cara ministra Marta Suplicy, já trago boas notícias, como bem sabe minha dileta amiga, tenho certeza de que já posso chamá-lá dessa forma, Reta Jo Lewis.

  Pois Brasília passa, neste exato momento, por algo que podemos descrever como seu grande salto para o futuro. Estamos planejando pelo menos cinco projetos estruturantes, com o qual a cidade se tornará uma das cinco melhores do mundo para se viver até o ano de 2060. Está em fase avançada de execução a criação de um Parque Tecnológico, com toda a infra-estrutura necessária para abrigar empresas de tecnologia.

  Além dele, investimos neste momento, e com capital privado, na transformação do nosso aeroporto internacional em um aeroporto globalmente competitivo. Queremos que ele se amplie de mero terminal de passageiros para uma cidade-aeroportuária. Estudamos ainda a criação de um centro financeiro internacional, de um pólo logístico e a ampliação do nosso pólo industrial.

  Trabalhamos nesses projetos paralelamente à preparação de nossa cidade para a Copa do Mundo, no ano que vem, e para a Copa das Confederações, daqui a três meses. Nesses dois eventos, ambos de grande porte, teremos um papel fundamental – abrigando sete jogos das melhores seleções do mundo — inclusive a nossa, que achamos ser a melhor — e abrindo a Copa das Confederações com o jogo do nosso time contra o Japão.

  Para isso, construímos no centro da nossa cidade uma arena multiuso única no mundo. É ao mesmo tempo um espetacular monumento arquitetônico, um centro de compras e de convivência e um palco para todo tipo de espetáculo, inclusive o futebol. Mas não só isso. É uma construção feita sob rígidas normas de sustentabilidade, que produzirá energia a partir da luz solar, captará água das chuvas, usará, na membrana que a cobre, uma tecnologia americana que retira gás carbônico da atmosfera para, numa reação química, autolimpar-se. Enfim, construímos o mais belo, moderno e funcional palco de eventos do Brasil.

  De tanto conversar com Reta Jo Lewis, sei que já há empresas americanas interessadas em assumir a gestão desse empreendimento, que será objeto de licitação internacional.     E posso dizer que, como governante de uma cidade-irmã e mais do que isso, de duas capitais-irmãs, ficaremos felizes em termos vocês participando em todos estes projetos estruturantes, de forma que sejam parte ativa deste grande salto em direção ao futuro que nossa cidade e nosso país dão neste momento.

  Teríamos muitos outros assuntos a abordar aqui, nas áreas de planejamento, transportes, mobilidade urbana, turismo — quem sabe não chegou a hora de termos um vôo direto entre nossas cidades? –, educação, mas aí tomaria mais o tempo de vocês do que sugere a fraternidade de irmãos que agora temos uns com os outros. Sendo assim, termino aqui o meu discurso.

  Muito obrigado, que Deus abençoe a todos.