Suspeita de fraude derruba Lúcia Carvalho da SPU

 

O Ministério do Planejamento exonerou do cargo, na noite desta segunda-feira (29), a superintendente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Lúcia Carvalho, após suspeita de fraude em demarcações de terrenos na região de Vicente Pires, no Distrito Federal. O substituto da superintendente e mais cinco pessoas também deixaram os cargos que ocupavam.

A Polícia Federal indiciou Lúcia Carvalho, que também é ex-deputada distrital e foi presidente da Câmara Legislativa, e mais seis pessoas por cinco crimes, entre eles, fraude processual, falsidade documental e formação de quadrilha.

A investigação aponta que em 2008, durante a gestão de Lúcia Carvalho, a Secretaria de Patrimônio da União concluiu que 344 hectares de uma área em Vicente Pires deveriam ser repassados a posseiros. A PF afirma que o laudo de medição do terreno foi feito por engenheiros contratados por grileiros, e não por técnicos da secretaria de patrimônio.

O advogado de Lúcia Carvalho, Pedro Ivo Velloso, afirma que não houve irregularidades. “A atuação da Superintendência de Patrimônio da União nesse caso foi absolutamente regular. Ela seguiu orientação técnica muito rigorosa e seguiu orientação da AGU. Esse relato da Polícia Federal é absolutamente infundado. Na verdade, a SPU atuou de forma técnica e possui absoluta confiança no trabalho que foi realizado.”

Hoje a área da União está cercada. Na entrada, há uma placa com a inscrição “propriedade particular”. Uma empresa de segurança monitora o espaço. Há uma torre de observação, alojamento e gerador de energia.

A Polícia Federal estima que o valor da propriedade seja de R$ 300 milhões, mas, projetos imobiliários que seriam construídos poderiam valer até um R$ 1 bilhão.

Início da investigação
A Polícia Federal iniciou a investigação do caso em dezembro passado, após receber uma denúncia sobre a suposta irregularidade.

Na época, os agentes da PF cumpriram quatro mandados de busca e apreensão na casa de sete servidores públicos e na unidade regional da Secretaria de Patrimônio da União no Distrito Federal (SPU-DF).

Quatro veículos de propriedade dos suspeitos foram apreendidos e levados para o pátio da superintendência da PF no Distrito Federal. Um dos automóveis confiscados tinha um adesivo da SPU colado no parabrisas. O órgão chegou a solicitar a prisão temporária de um dos suspeitos, mas a Justiça negou o pedido. (G1)

Nota de Esclarecimento

A ex-deputada Lúcia Carvalho divulgou hoje, (31), uma nota de esclarecimento sobre a regularização fundiária de Vicente Pires.

 Confira a íntegra:

“Eu, Lucia Carvalho, militante há 42 anos no DF de diversas causas sociais, fundadora do PT e da CUT, do Sindicato dos Professores, defensora dos direitos humanos, fui injustamente indiciada em julho de 2013 por relatório de uma Delegada da Polícia Federal, que tomou como base, velhos e conhecidos argumentos de ardilosos grileiros do DF, mentiras de um ex-servidor da SPU – Sr. Cláudio Pinho e laudo e interpretações já vencidos pela SPU na justiça e agora, anos depois, compilados pelo Instituto de Criminalista da PF.
Assim, diante de tantos absurdos, venho a público esclarecer a verdade sobre o Processo de Regularização Fundiária de Vicente Pires.

Iniciei meu trabalho junto ao Patrimônio da União em novembro de 2007… Muitos desafios e muitas realizações: demarcamos quase 20 mil hectares de terra em todo DF, aumentamos a arrecadação de 15 milhões de reais  anuais para 50 milhões de reais, consequência natural da regulamentação e do bom uso do patrimônio da União.  Várias áreas foram doadas ao GDF para a construção de escolas, postos de saúde, shopping popular e habitação de interesse social, bem como na doação do Riacho Fundo II onde colaboramos para o GDF fornecer as escrituras definitivas aos moradores da área. Mais de 1.500 hectares de terras foram para o Incra executar programa de assentamento de Sem Terra na região,  cinco importantes áreas  para  Cooperativas e Recicladores do DF. Resumo apenas para demonstrar a importância da SPU-DF e de seus servidores no desenvolvimento das políticas sociais e econômicas dos Governos Distrital e Federal, nos últimos cinco anos.

​Dando continuidade a REGULARIZAÇÃO DE VICENTE PIRES, em 2005 a Associação de Moradores e GDF solicitaram formalmente a participação da SPU no processo. Para tanto, assinaram um convênio de cooperação Técnica com o objetivo de acompanhar todas as etapas deste processo complexo e absolutamente transparente, com a participação permanente dos três interessados: comunidade, GDF e Governo Federal.

No decorrer dos trabalhos, no primeiro semestre de 2008, conquistamos Carta de Adjudicação (decisão judicial de propriedade) onde foi possível dar inicio ao processo de registro cartorial e realizar os procedimentos para legalizar a ocupação das 16 mil residências ali instaladas.

Para definir a área dos 1.807 hectares desapropriados pela União ,  a Secretaria do Patrimônio nomeou uma Comissão de Demarcação, composta por três técnicos da SPU, seguindo a legislação patrimonial, realizaram o trabalho de demarcação, publicado resultado em Diário Oficial. (2008 e 2009).Ao final da demarcação, a comissão constatou que na medição, usando como referência a escritura paroquial, resultava num  total   de 2.152 hectares, havendo, portanto um remanescente de 344 hectares.. Neste momento A SPU suscita uma dúvida: A quem pertence este remanescente? A desapropriação ocorreu “ad mensuram” ou “ad corpus”,  pelo efetivamente medido ou todo o corpo da gleba desapropriada?

Quem estudou e deu parecer que a desapropriação seria “ad mensuram”, ou seja, pelo efetivamente demarcado, e o remanescente entregue ao espólio Dutra Vaz, instada pela SPU-DF, foi a Advocacia Geral da União – AGU e a Justiça Federal – 14ª vara – São Paulo. A partir desta decisão Legal e técnica , não competiu mais  a SPU nenhuma ação sobre este remanescente, pois voltou a ser área particular. Cabe aqui uma observação que trabalhos realizados por outros órgão também apresentaram remanescente: TERRACAP, EXÉRCITO E  INCRA, que foi realizado antes da demarcatório da SPU e é semelhante.

Só depois desta decisão é que a Superintendência do Patrimônio – DF finaliza o desmembramento da Matrícula junto ao Cartório de Taguatinga. Uma parte que correspondia aos 1.807 hectares da União e outra dos 344 hectares pertencentes  a família Dutra Vaz. Em 2011 portanto o cartório reconhece que a SPU cumpriu todas as exigências para registrar e desmembrar a área de Vicente Pires. A TERRACAP, através de seu Presidente – José Humberto reconhece objetivamente que não havia  sobreposição de matrículas na área demarcada pela SPU-DF, e finalmente Vicente Pires adquire sua matrícula cartorial.

Paralelo ao nosso trabalho a  Empresa Valência Participações, através de seus Proprietários: Srs. Otogamis Avelar, Luis Ronan, Fernando Batista Ramos, Nilson Costa e outros, alguns citados no relatório da CPI da Terra de 1995 como falsificadores de documentos e grileiros de terras públicas, já de muito realizavam uma cruzada de envio de documentos contra as ações da SPU junto a AGU, CGU, TCU, PRU, enfim todos os órgãos de controle, com depoimentos falsos, alegando que tinham área dentro dessa demarcatória realizada pela SPU. Chegaram ao absurdo de pagar elaboração de  uma perícia  para comprovar a existência de áreas para Valência. Esta “Perícia” que a Delegada e o Instituto de Criminalista usaram para afirmar que o trabalho da Comissão da SPU-DF é uma fraude, “Perícia” desconsiderada e reprovada  em ações judiciais vencidas, que apresentaremos ao Ministério Público.

Sobre a minha demissão, entendo que o governo não convive com “suspeita”. Assim, meu desligamento  vem para que eu possa livremente me  defender junto ao MINISTÉRIO PÚBLICO e provar a todos que só interessa aos grileiros a anulação do trabalho demarcatório da SPU-DF, que em conjunto com o GDF e Moradores levaria mais  benefícios a esta comunidade   com a melhora de sua qualidade de vida, através dos recursos oriundos dessa regularização (esgoto, luz, asfalto escola C saúde…) e ter sua escritura nas mãos.

Reafirmo que nosso trabalho foi todo em conjunto com a   comunidade , GDF, Órgãos da União e Justiça Federal. Bem como neste momento me coloco a disposição para todo e qualquer debate para esclarecer dúvidas e ajudar a vencer  as calúnias e difamações  dos grileiros  sobre a Situação Fundiária de Vicente Pires e ajudar a concluir este necessário trabalho DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA PARA O BENEFÍCIO DE 70 MIL MORADORES NO DF.

 

Bsb, 31 de julho de 2013

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