Relator vota pelo arquivamento do processo de cassação de Eduardo Bolsonaro

Relator vota pelo arquivamento do processo de cassação de Eduardo Bolsonaro

Parecer sustenta que sanções dos EUA são decisão soberana e não podem ser atribuídas ao deputado

O deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG) votou nesta quarta-feira (8) pelo arquivamento do processo que pede a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Relator do caso, Freitas foi escolhido pelo presidente do colegiado e é aliado antigo da família Bolsonaro — já tendo se referido publicamente a Eduardo como “amigo”.Play Video

A representação contra o deputado acusa Eduardo Bolsonaro de atuar em defesa de sanções dos Estados Unidos contra o Brasil, com o objetivo de “desestabilizar instituições republicanas”.

No entanto, o parecer do relator sustenta que não houve afronta à soberania nacional, mas sim manifestações políticas legítimas.

“A Representação parte de uma premissa equivocada: a de que o REPRESENTADO seria, de alguma forma, responsável por eventual adoção de medidas coercitivas ou sanções por parte dos Estados Unidos contra o Brasil. Tal raciocínio, contudo, é factualmente insustentável e juridicamente improcedente, pois confunde atos de Estado soberano com manifestações individuais de natureza política”, afirma o documento obtido pela CNN.

O relator argumenta ainda que não é possível responsabilizar Eduardo pelas sanções eventualmente adotadas por outro país: “A decisão de um país estrangeiro de adotar ou não sanções econômicas, diplomáticas ou políticas é, em essência, ato de soberania“, acrescentou Freitas.

O parlamentar também adiciona que imputar a um deputado brasileiro a responsabilidade por um ato dessa natureza seria “ignorar o princípio fundamental do Direito Internacional Público”, segundo o qual cada Estado é autônomo e responsável por suas próprias decisões políticas e jurídicas.

Marcelo Freitas também defende que parlamentares, especialmente os de oposição, costumam recorrer a organismos internacionais para expressar críticas a governos, sem que isso configure quebra de decoro: “Em democracias consolidadas, parlamentares de oposição frequentemente recorrem a organismos internacionais para expor visões críticas sobre políticas internas, sem que isso seja interpretado como ato de traição ou quebra de decoro”.

Após a leitura do parecer, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pediu vista do processo.

A expectativa é que o relatório seja votado na próxima semana. Caso o parecer de Freitas seja rejeitado, um novo relator será designado. Se aprovado, ainda caberá recurso à decisão, conforme as regras da Câmara.

Tags:

Gostou? Compartilhe!

Últimas notícias
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore