André Rocha, presidente da Fieg, destaca que situação para Goiás diante do tarifaço, não é boa. Mesmo com produtos tendo sido poupados pelo governo norte-americano (Foto: Divulgação - Naira Batista - Fieg)

Mesmo com isenções, Goiás pode perder R$ 800 milhões em 12 meses com tarifaço de Trump; entenda

Estudo da CNI estima perda relativa ao PIB com base em exportações

Goiás pode acumular perda de R$ 800 milhões no prazo de 12 meses, apesar de isenções anunciados pelo Estados Unidos (EUA) em relação ao tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros. A estimativa é feita pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) André Rocha, com base em estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mais de 600 produtos foram poupados pelo presidente norte-americano Donald Trump, mas o impacto de prejuízo à economia goiana permanece.

De acordo com Rocha, itens centrais da pauta exportadora local, como carne bovina e açúcar, continuam na lista de taxação, o que mantém a estimativa de perdas em R$ 798 milhões. “Dos quase R$ 800 milhões que falamos, o impacto é direto naquilo que exportamos para os Estados Unidos. E como nossos principais itens, carne e açúcar, seguem na lista, o cenário continua praticamente o mesmo”, revelou ao Mais Goiás, considerando as isenções.

TARIFAÇO
Caiado articula com EUA para retirar produtos goianos do tarifaço de Trump
89% dos brasileiros acreditam que tarifaço de Trump vai prejudicar a economia, diz pesquisa

CNI calcula estimativa de perdas por estado em relação ao PIB (Infográfico: CNI)
CNI calcula estimativa de perdas por estado em relação ao PIB (Infográfico: CNI)

Competição e impactos indiretos

Rocha também alertou para os chamados impactos indiretos, que podem até ampliar o prejuízo ao estado. De acordo com ele, há risco de empresas de outros estados, afetadas diretamente pela perda do mercado americano, buscarem novos destinos que hoje já são ocupados por exportadoras goianas, gerando competição interna e externa. “Uma empresa paulista que perdeu mercado nos EUA pode disputar agora o mercado da África, por exemplo, onde uma goiana já atuava”, exemplificou.

Além disso, o dirigente da Fieg destacou que o tarifaço compromete a previsibilidade de investimentos. “Desde o começo dessas sanções, muitas empresas começaram a adiar investimentos. Você deixa de gerar emprego, de fazer compras, de encomendar maquinário. É uma reação em cadeia”, avaliou.

ISENÇÕES NÃO AFETAM GOIÁS
Trump assina ordem que oficializa tarifaço de 50% para o Brasil
Tarifaço de Trump isenta petróleo cru, suco de laranja e aviões

Container elevado em zona portuária (Foto: Freepik)
Exportações de Goiás não serão afetadas por isenções anunciadas pelos EUA (Foto: Freepik/reprodução)

Arrecadação de impostos pode ser afetada

Rocha lembrou ainda que o efeito não se restringe às empresas exportadoras. A arrecadação de impostos e o repasse de recursos aos municípios também podem ser afetados com a redução do volume de exportações. E apontou um risco adicional: a possibilidade de reação do Brasil com medidas de retaliação, que poderiam encarecer produtos importados essenciais. “Por isso ninguém quer retaliação. Imagine onerar produtos farmacêuticos, por exemplo”, alertou.

Cenário de exportações entre Goiás e EUA

De acordo com os dados da CNI, Goiás exportou aos EUA US$ 408,5 milhões em 2024, sendo 94,5% em produtos da indústria de transformação. Os três principais itens enviados aos norte-americanos foram carnes bovinas congeladas, ferroníquel e açúcar, todos atingidos pela tarifa de 50%.

Questionado sobre a possibilidade de uma nova revisão dos impactos ao estado, André Rocha explicou que as equipes técnicas da Fieg e da CNI estão acompanhando os desdobramentos, mas reforçou: “Para alguns estados, o valor pode cair. No nosso caso, por enquanto, continua”.

Tags:

Gostou? Compartilhe!

Últimas notícias
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore