Game usa o passado como referência para seus próximos passos
Não é segredo que, em uma indústria cada vez mais imperdoável com fracassos, existam franquias e jogos que não têm mais a liberdade de errar. Jogos de altíssimo orçamento precisam trazer retorno financeiro imediato, ou mais uma notícia de demissões em massa se escreve. Battlefield 6 chega para tentar tirar o FPS, que nos seus anos de ouro rivalizou com Call of Duty, desse mesmíssimo buraco. Após testar o jogo durante quatro horas de gameplay, ficou nítido que a resposta buscada pela EA está no retorno às raízes.
A empresa sabe que chamar seu novo jogo de “sucessor espiritual” de Battlefield 3 e Battlefield 4, os jogos que levaram BF ao auge, é um risco controlado. Ainda que isso possa aumentar decepções no caso de um game que não atinja essas expectativas, é óbvio que essa frase por si só já vai chamar a atenção, e apelar para a nostalgia de uma legião de fãs é uma estra tégia cada vez mais comum, especialmente quando se está contra a parede.
Essa sensação do Battlefield raiz, com quatro classes, mapas gigantes e destrutíveis, e uma pitada de caos é a tônica do multiplayer do BF6. Aqueles que torcem o nariz para a insanidade mecânica que CoD passou a ter irão encontrar uma movimentação mais suave no novo game — que apesar de não ter a cadência da década passada, ainda é um respiro na maluquice que o gênero se tornou.

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É nesse conforto que está a chave para o novo Battlefield. Em franquias como essa, a renovação e as mudanças drásticas nem sempre são urgentes, e precisam conquistar seu espaço em meio ao tradicional. O sistema de classes talvez seja o maior exemplo disso: mesmo com o retorno da mecânica, ainda há espaço para customizar, de leve, as responsabilidades de cada função no campo de batalha.
A sessão de jogatina, então, não se destacou por alguma novidade incrível ou pela introdução de um novo recurso, mas sim pela naturalidade que as ações ocorriam, e pelo brilho no olhar dos fãs mais aficcionados ao terminar a primeira partida.Onde Battlefield 6 arrisca é nos sistemas de destruição e de mira. Estes pegam emprestadas algumas páginas de Rainbow Six: Siege, trazendo um elemento tático para as demolições. Afinal, não é só olhando para o passado que se segue em frente.
Mas o maior salto será visto numa ferramenta que não estava disponível no nosso teste. O Portal servirá para criar e compartilhar mapas f peitosor jogadores, e pelos poucos segundos que nos foram mostrados, as possibilidades parecem incríveis. O sistema deve entregar uma profundidade sem muitos precedentes no gênero, que talvez só se aproxime da liberdade que Counter-Strike coloca na mão de seus jogadores, e já é confortável cravar que a mecânica vai mudar a forma que Battlefield é visto.
No que experimentamos de fato, notamos um visual mais limpo, com pouquíssimas distrações enquanto se joga, também entra como novo ingrediente. O caos das explosões e tiroteios precisa ser retratado com precisão para que os jogadores consigam se localizar em meio à guerra, e o game consegue manter o foco naquele que é, obviamente, o elemento central para todos os FPS: o combate armado.
Ainda que pareça trivial que um shooter tenha isso como pilar, é fácil esquecer dessa base quando se quer colocar centenas de outros detalhes num projeto. Felizmente, BF6 entrega uma trocação de tiros crocante, com o efeito sonoro de alvo atingido trazendo a satisfação que se busca em partidas do gênero.

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Faltam vários elementos para montar o quebra-cabeça do novo Battlefield. Desenvolvido por quatro estúdios, o projeto é uma grande mistura de formatos e conceitos, mas apenas um deles foi mostrado para os membros da imprensa e influenciadores presentes em Los Angeles, onde o Omelete testou BF6, que jogaram quatro modos do Multiplayer — “Conquest”, “Breakthrough”, “Deathmatch em Esquadrão” e “Domination”.
A primeira fatia dessa combinação a ser mostrada é incrível, e mira em tocar os jogadores que ansiavam pelo retorno dos dias de glória da franquia. Não é à toa que o mapa “Operation Firestorm” está em destaque no novo trailer, ou que as classes estejam de volta: Battlefield 6 é, nitidamente, um game que se apoia no passado para conseguir caminhar em direção a seu futuro.
Fonte: Omelete TV