Sucesso da Netflix mostra um jovem de 13 anos que é preso sob a acusação de matar uma colega de escola

A nova minissérie da Netflix, Adolescência, tem provocado reflexões profundas entre pais e educadores. A produção, que se tornou a mais assistida da plataforma em 71 países desde seu lançamento em março, retrata a história de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado do assassinato brutal de uma colega de escola. Embora o crime seja o ponto de partida da trama, o foco não está no mistério policial, mas nos fatores que podem levar um adolescente a cometer atos violentos.

Com apenas quatro episódios gravados em plano sequência, sem cortes ou edições, a série mergulha em conversas intensas entre Jamie e investigadores, professores, pais e uma psicóloga, que tenta entender sua mente e as motivações por trás do crime.

A obra, desenvolvida pelo ator Stephen Graham, que também interpreta o pai do protagonista, levanta questões sobre os riscos das pressões sociais na juventude e a influência do mundo digital no comportamento dos jovens. Temas como cyberbullying, misoginia e a cultura incel são abordados de maneira impactante, mostrando como crianças e adolescentes estão cada vez mais expostos a discursos de ódio e radicalização online.

Psicólogos e especialistas recomendam que todos os pais assistam Adolescência como uma forma de compreender melhor os desafios da geração atual. “O seriado escancara a dificuldade de comunicação entre pais e filhos. Muitos não têm ideia de quem são os influenciadores que moldam o pensamento dos jovens ou como certos conteúdos online podem impactar negativamente a forma como eles veem o mundo”, explica o psicólogo Daniel Fonseca.

Além de trazer à tona a influência da internet na vida dos adolescentes, a série da Netflix também aborda a solidão e o isolamento emocional que muitos jovens enfrentam. A falta de diálogo dentro de casa, combinada com o impacto das redes sociais, pode levar a comportamentos impulsivos e perigosos. Adolescência destaca a importância da escuta ativa por parte dos pais e do acompanhamento próximo da vida digital dos filhos.

Outro ponto essencial é a reflexão sobre a masculinidade tóxica e a construção da identidade dos meninos. De acordo com uma pesquisa recente do Reino Unido, 76% dos professores do ensino médio e 60% dos professores do ensino fundamental demonstraram preocupação com a influência da misoginia na internet sobre os meninos. A série expõe como ideologias perigosas podem se espalhar e afetar diretamente a percepção dos adolescentes sobre o papel das mulheres na sociedade. Além disso, Adolescência mostra como a falta de monitoramento dos pais em relação ao conteúdo consumido pelos filhos pode ser um fator determinante para a formação de comportamentos violentos.

O impacto psicológico das pressões escolares e sociais também é um dos destaques da série. O medo de rejeição, a necessidade de aceitação e a busca por pertencimento podem empurrar os jovens para caminhos perigosos. A produção convida os pais a refletirem sobre o bem-estar emocional dos filhos e a importância de criar um ambiente seguro para que eles possam expressar suas angústias sem medo de julgamento.

Com mais de 24 milhões de visualizações na primeira semana, a série Adolescência da Netflix não apenas conquista audiências pelo mundo, mas também serve como um alerta urgente. “A produção é um convite para que os pais reflitam sobre a educação e o acompanhamento dos filhos na era digital. O mundo mudou e a forma de criar crianças e adolescentes também precisa mudar”, conclui o psicólogo.