O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse que toda a América Latina deve reagir em conjunto caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) não aceite o resultado das eleições presidências em outubro. A declaração foi dada pelo líder chinelo em entrevista à edição da revista “Time” publicada nesta quarta-feira (31).
“Bem, foi muito esperançoso ver a carta de São Paulo, que tem um milhão de assinaturas a favor da democracia, com a transversalidade dos signatários de [vários setores da sociedade e da política]. Foi um sinal poderoso da sociedade civil brasileira”, declarou o presidente chileno.
Em seguida, comparou o cenário brasileiro com a situação da Bolívia em 2020, quando a então vitória de Evo Morales, reeleito no primeiro turno, foi questionada. Em meio a um tumulto social, Morales renunciou ao cargo, assumido interinamente pela segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez.
“Se houver uma tentativa como aconteceu, por exemplo, com a Bolívia [em 2020], onde se acusou de fraude algo que não foi, e um golpe de estado foi validado, a América Latina terá que reagir em conjunto para impedi-lo”.
Tensão entre Boric e Bolsonaro
O presidente brasileiro citou Boric durante o debate presidencial organizado pela TV Bandeirantes em parceria com UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura no último domingo (28).
Ao final do encontro, Bolsonaro tentou associar a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal oponente ao Palácio de Planalto, a outros líderes sul-americanos de esquerda. “Lula apoiou o presidente do Chile também, o mesmo que praticava atos de tacar fogo em metrôs lá no Chile”, declarou.
No dia seguinte, Antonia Urrejola, ministra das Relações Exteriores do Chile, anunciou que o governo chileno estava convocado o embaixador brasileiro em Santiago para explicar o pronunciamento do chefe do Executivo. “As declarações são gravíssimas. Obviamente, são absolutamente falsas e lamentamos que, em um contexto eleitoral, se aproveite da relação bilateral e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas”, disse Antonia. (CNN Brasil)