Em pronunciamento nesta quinta-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que os EUA e seus aliados estão aplicando “a maior sanção econômica da história” contra a Rússia.
O presidente americano afirmou que a guerra contra a Ucrânia “não foi provocada” e que foi “premeditada por Putin”, não descartando aplicar sanções diretamente contra o presidente russo no futuro.
“Putin é o agressor e quem escolheu a guerra“, afirmou, acrescentando que “nunca foi uma questão de se defender”. “Hoje, estou autorizando sanções fortes e novos limites sobre o que pode ser exportado para a Rússia, com custos fortes à Rússia agora e ao longo do tempo”, adicionou.
Falando na Casa Branca, Biden também disse que o governo limitaria a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares e outras moedas, e que planejava sancionar outros bancos russos. Porém, ele informou que as sanções ainda não incluem banir o país do sistema bancário SWIFT.
Esse sistema, nomeado Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, foi fundado em 1973 para substituir o “telex” e agora é usado por mais de 11 mil instituições financeiras para enviar mensagens seguras e ordens de pagamento. Sem alternativa aceita globalmente, é essencial para as finanças globais.
Veja uma lista com sanções contra a Rússia, de acordo com Biden e a Casa Branca:
- Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes;
- Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
- Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
- Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos;
- Cortar a maior instituição financeira da Rússia, o Sberbank, e 25 de suas subsidiárias do sistema financeiro dos EUA. O Sberbank detém quase um terço dos ativos gerais do setor bancário russo;
- “Sanções de bloqueio total” contra o VTB Bank, segundo maior banco da Rússia, e 20 de suas subsidiárias;
- “Sanções de bloqueio total” contra três outros grandes bancos russos: Bank Otkritie, Sovcombank OJSC e Novikombank;
- Cortar 13 grandes empresas estatais de levantar dinheiro do mercado dos EUA. A lista inclui: Sberbank, AlfaBank, Credit Bank of Moscow, Gazprombank, Russian Agricultural Bank, Gazprom, Gazprom Neft, Transneft, Rostelecom, RusHydro, Alrosa, Sovcomflot e Russian Railways;
- Sanções às elites russas e familiares. A lista: Sergei Ivanov (e seu filho, Sergei), Andrey Patrushev (e seu filho Nikolai), Igor Sechin (e seu filho Ivan), Andrey Puchkov, Yuriy Solviev (e duas empresas imobiliárias que ele possui), Galina Ulyutina e Alexandre Vedyakhin;
- Sanções a 24 pessoas e empresas bielorrussas. Isso inclui “dois importantes bancos estatais bielorrussos, nove empresas de defesa e sete autoridades e elites ligadas ao regime”
“Putin será um pária no cenário internacional”, acrescentou. “A escolha de Putin de fazer uma guerra totalmente injustificável contra a Ucrânia deixará a Rússia mais fraca e o resto do mundo mais forte”.
Ainda assim, afirmou que as tropas americanas não estão na Ucrânia e não serão enviadas ao local, mas para os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu para defender a aliança.
Mais cedo, Biden participou de reunião do G7 com líderes mundiais para discutir a situação. Em uma mensagem publicada no Twitter, ele informou que concordou “em avançar com pacotes devastadores de sanções e outras medidas econômicas para responsabilizar a Rússia”.
Durante o discurso, ele pontuou que a Otan se reunirá nesta sexta-feira (25), reunindo todos os líderes das nações-membro.
Horas após o início do ataque russo, ainda na madrugada de quinta no Brasil, o presidente americano disse que “os Estados Unidos, seus aliados e parceiros vão responder de forma unida e decisiva” e que “a Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que esse ataque trará”.
“Não há dúvidas de que quando uma potência nuclear ataca um país, as bolsas no mundo inteiro vão reagir”, pontuou.
O preço do barril de petróleo nesta quinta (24) passou de US$ 105, a primeira vez que isso ocorre desde 2014 – quando a Rússia anexou a Crimeia.
Sobre isso, o presidente afirmou que coordena com vários países produtores de petróleo para fornecimento global de energia global.
“Estamos trabalhando ativamente com países de todo o mundo para elevar a liberação coletiva das reservas estratégicas de petróleo para os principais países consumidores de energia”, disse. “E os Estados Unidos liberarão barris adicionais de petróleo conforme as condições justifiquem”, pontuou.
Quando perguntado por uma repórter sobre o que espera da China no conflito e a possibilidade de sanções por parte do país asiático, Joe Biden afirmou que não “estava preparado” para comentar.
A China não condenou o ataque russo e acusou os EUA de “incendiarem” as tensões.
*com informações da Reuters e CNN Internacional
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.
De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh, da CNN)