O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, voltou a defender a decisão da entidade que autoriza a aplicação da vacina da Pfizer em crianças a partir dos 5 anos. Informações do G1.
Na abertura de reunião colegiada do órgão, sem citar diretamente o presidente da República, Barra Torres rebateu o pedido para que os nomes dos envolvidos na autorização fossem divulgados.
“Se formos consultar todas as pessoas que ali contribuíram direta ou indiretamente, essa lista contaria por certo com mais de 1,6 mil nomes porque todas as nossas atividades estão entrelaçadas. Seguramente na letra A meu nome vai estar lá”, disse Barra Torres.
Na noite de quinta-feira (16), horas depois da aprovação, o presidente Jair Bolsonaro pediu que fossem divulgados os nomes dos envolvidos na decisão, mentiu ao dizer que a vacina é experimental e disse que vai analisar se vacinará a filha de 11 anos.
Barra Torres lembrou que em outubro e em novembro a entidade já foi alvo de ameaças. Além disso, ainda ressaltou que todas as informações sobre o processo de aprovação são públicas.
“Na decisão de ontem, estamos todos juntos. Somos legalistas, somos cumpridores daquilo que a lei determina, teremos total tranquilidade em fornecer informações que a nós venham ser solicitadas”, disse o presidente da Anvisa.
“Não é tempo de violência, não é tempo de sentimentos menores”, alertou Barra Torres, apontando que ainda é preciso agir para frear a transmissão do novo coronavírus. O presidente ressaltou que o momento exige foco no uso de máscaras, em evitar aglomerações e no uso das vacinas.
Embates públicos: Anvisa x Bolsonaro
A aprovação da vacina da Pfizer para crianças se tornou mais um novo capítulo na série de embates entre a Anvisa e a cúpula do governo federal, como recentemente já tinha ocorrido com o passaporte da vacina.
No episódio da vacina para crianças, o ministro Marcelo Queiroga e o presidente colocaram em xeque a decisão da Anvisa. O ministro da Saúde disse que vai ouvir a comunidade científica e promover um amplo debate antes de decidir se colocaria em prática a decisão da agência.
Em entrevista à GloboNews (veja o vídeo abaixo), o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, rebateu a declaração de Queiroga. Barra Torres disse que essa consulta já foi feita e que espera uma decisão rápida do ministério.
“Eu tenho certeza que o senhor ministro de estado, ao contatar essas entidades, terá logicamente os mesmos pareceres que nós tivemos e hoje foram colocados em público”, disse o presidente da Anvisa.
Em seu histórico de ações na pandemia, o ministro Queiroga tem como um dos marcos negativos a decisão de suspender a vacinação de adolescentes. À época, a medida foi entendida como uma resposta à pressão das redes sociais bolsonaristas. Poucos dias depois, a decisão foi revertida diante da comprovação de que um evento adverso em uma adolescente não tinha relação com a vacina.
Agora, no novo episódio, Queiroga segue em sintonia com o presidente Jair Bolsonaro e ressalta supostas dúvidas em relação à aplicação do imunizante, dizendo que não há consenso sobre vacinação de crianças, apesar de diversos países no mundo já adotarem a prática, os estudos apontarem segurança e eficácia e não haver recomendação contrária da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar da declaração de Bolsonaro de que a vacina é experimental, o imunizante da Pfizer já passou por todas as fase de teses e tem registro definitivo no Brasil.
A expressão “vacinas experimentais” está sendo usada por movimentos antivacina para confundir a população e impor medo dos imunizantes. A Anvisa já esclareceu que todas as vacinas analisadas e autorizadas pelo órgão são seguras e possuem perfis de eficácia definidos por estudos.
Citando a circulação de fake news, o presidente da Anvisa rebateu as distorções sobre o status da vacina para crianças. ‘É uma autorização baseada em registro, que é a certificação maxima que um medicamento pode ter no nosso país”, disse Barra Torres nesta sexta-feira (17).