Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo.
A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter. Os últimos dados divulgados pelo Prodes apontaram que a área desmatada na Amazônia Legal foi de 11.088 km² na temporada de 2019 a 2020 (período que engloba agosto de 2019 a julho de 2020).
O vídeo abaixo cita pesquisa que mostra como o desmatamento na Amazônia impacta no agronegócio brasileiro, dando prejuízos de R$ 5,7 bilhões por ano.
Dados ‘preocupantes’
Em nota, o Observatório do Clima, rede de 56 organizações da sociedade civil, afirma que os dados de maio são preocupantes, porque o mês marca o início da estação seca, “quando a devastação se intensifica” em grande parte da Amazônia.
“A permanecer a tendência nos próximos dois meses, a taxa oficial de desmatamento de 2021 (medida de agosto a julho) poderá terminar com uma inédita quarta alta consecutiva. O comportamento da curva dependerá exclusivamente de quem hoje dá as cartas na região: o crime ambiental”, disse a entidade.
A medição do desmate no Brasil considera sempre a temporada de agosto de um ano a julho do ano seguinte por causa das variações do clima. Com essa divisão do tempo, pesquisadores conseguem levar em conta o ciclo completo de chuva e seca na Amazônia, analisando como o desmatamento e as queimadas no bioma oscilaram dentro dos mesmos parâmetros climáticos.
O Observatório do Clima também criticou a gestão ambiental do governo Bolsonaro.
“O regime Bolsonaro se dedica há dois anos e meio a desmontar as políticas de controle de desmatamento, enterrando o único plano que conseguiu reduzir a destruição, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia”, disse a rede.
A entidade também criticou as ações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está sendo investigado sob acusação de, entre outros pontos, criar dificuldades para a fiscalização ambiental.
Em nota, o Greenpeace Brasil também criticou as ações do governo.
“Além de um presidente e um ministro do Meio Ambiente atuando contra a proteção ambiental, o Congresso tem contribuído com essa política de destruição, enfraquecendo deliberadamente as leis que protegem a floresta e seus povos. O resultado de maio não poderia ser diferente, já que os retrocessos na governança ambiental só aumentam”, afirmou Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace.
A entidade citou projetos de lei (PLs) em tramitação no Congresso que, diz, “vão piorar ainda mais a situação”:
- PL nº 2633/2020, que tramita na Câmara, e PL nº 510/2021, no Senado, que visam a flexibilizar os critérios da regularização fundiária. Segundo o Greenpeace, os projetos, na prática, anistiam grileiros, “enquanto cerca de um terço do desmatamento na Amazônia é ocasionado por grilagem”.
- PLs nº 191/2020 e nº 490/2007, ambos na Câmara, que pretendem permitir atividades como mineração em terras indígenas. O Greenpeace avalia que as propostas “são um verdadeiro ataque aos povos indígenas e seus territórios, pois visam abrir terras indígenas para atividades predatórias como mineração e avanço do agronegócio”.
Os que mais desmataram
O Pará foi, mais uma vez, o estado com maior área sob alerta de desmatamento em maio: 425km², equivalente a 36% do total registrado até o dia 28. Na temporada passada, o estado concentrou quase metade de todo o desmatamento na Amazônia Legal, segundo o monitoramento do Prodes.