Casos e mortes de Covid-19 entre indígenas no AM são maiores que números divulgados pelo governo

Os registros de casos e mortes de indígenas em decorrência do novo coronavírus no Amazonas são maiores do que os divulgados pelo Ministério da Saúde, segundo a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib). A diferença entre os registros dos dois órgãos é de 560 casos, com 120 mortes a mais, levando em conta os dados divulgados até a quinta-feira (23). O número de indígenas confirmados com o novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, é de 2.450, com 63 mortos. Já para a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), os dados são maiores: 3.010 casos confirmados e 183 mortos.Informações do G1.

“De um lado há uma subnotificação , de outro lado o movimento indígena procura levantar todas as informações, de indígenas que estão nas aldeias e de indígenas que estão em contexto Urbano para ter então uma ideia exata dos afetados”, disse o o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Roberto Liebgott.

Em Manaus, o Ministério da Saúde chegou a manter uma ala só para atendimento de indígenas no hospital de campanha, durante a pandemia do novo coronavírus. No município de Manacapuru, na região metropolitana de Manaus, escondidos pela mata e pela cheia do rio, vivem os índios Cambeba.

“Aqui na comunidade dos Cambeba, vivem cerca de 52 pessoas. Desde o início da pandemia, foram 11 casos suspeitos e apenas um confirmado de covid-19. Todos cumpriram o isolamento social na comunidade mesmo, reforçando a higiene das mãos e usando máscara”, disse o cacique Francisco Cruz da Costa.

 Coronavírus se espalha pelos povos indígenas da Amazônia e provoca mortesPara o CIMI, a invasão das terras indígenas, por pessoas de fora, ajudou a espalhar o vírus nas aldeias. Segundo o coordenador do Conselho, existe uma precariedade na proteção e fiscalização dos territórios com relação ao avanço de invasores, como pescadores, garimpeiros, madeireiros e grileiros de terra que entram nas regiões indígenas.

 Coronavírus entre indígenas no AM

A primeira indígena diagnosticada com a doença no estado, no começo de abril, se recuperou da doença. Cerca de dois meses depois, o vírus se espalhou pelo interior do Estado e chegou à aldeias. No Vale do Javari, segunda maior terra indígena demarcada do Brasil, o aumento de casos da doença aponta para um possível genocídio nas aldeias.

Primeira indígena diagnosticada com novo coronavírus está recuperada, diz Sesai. — Foto: Reprodução/Rede AmazônicaEm Manaus, o governo estadual abriu uma ala exclusiva para atender indígenas, no Hospital de Combate à Covid-19, durante a pandemia, para atender casos da doença. Indígenas chegaram a protestar em frente à unidade pedindo que não tenham que passar por outras unidades antes de serem atendidos no local, dentre outras reivindicações.

A ocorrência da doença em áreas indígenas preocupa lideranças, que se manifestaram para cobrar que autoridades reforcem ações de enfrentamento da Covid-19. No dia 5 deste mês, líderes das etnias Kanamari e Mayoruna enviaram ofício ao Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) para pedir que o órgão investigue como o novo coronavírus se proliferou em Atalaia do Norte, infectando índios.

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