Sociedade e ameaças
Sandro Silveira conta que perdeu R$ 150 mil após virar sócio em um dos negócios do parlamentar nos Estados Unidos. O empresário diz que após perceber que não teria o retorno prometido pelo deputado, denunciou o golpe.
A partir daí, as ameaças teriam começado.
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O empresário Sandro Silveira acusa o deputado Luis Miranda de ameaça — Foto: TV Globo/ Reprodução
Ele afirma que Miranda teria ameaçado também a família dele. “Eu vou te matar e matar seus pais. Vou te prejudicar ao máximo possível se você não parar com as denúncias contra mim”, diz o boletim de ocorrência.
‘Capangas’
As ameaças teriam sido feitas pessoalmente, pela internet, e por meio de outras pessoas, supostamente a mando do parlamentar. Sandro afirma que, em 15 de junho, foi abordado por dois “capangas” de Luis Miranda.
“Ele mandou dois capangas pra tentar me achar e me encontraram numa padaria aqui em Sorocaba, bem conhecida. Quando eles apareceram, eu tremi na base. Tive que chamar o segurança da padaria para vir embora”, alega o empresário.
O que diz Luis Miranda
Questionado sobre a denúncia, o deputado Luis Miranda enviou nota, afirmando que a acusação é falsa. Ainda de acordo com o parlamentar, Sandro Silveira nunca foi seu sócio e os assessores citados pelo denunciante não estavam em São Paulo na data da suposta ameaça.
Confira íntegra da nota:
Sandro Silveira Antonalia jamais foi sócio ou investidor das empresas então dirigidas por Luis Miranda. Mensagens e áudios encaminhados à reportagem mostrar as tentativas de obtenção de emprego por Sandro junto a Luis Miranda. Nenhuma delas foi atendida.
Conforme documentação enviada à TV Globo, a denúncia de ameaça é falsa, uma vez que pessoa citada na ocorrência por Sandro estava no Rio de Janeiro. Outro citado estava nos Estados Unidos na data e horário descritos por ele.
Justiça penhora salário
Nesta semana, a Justiça do Trabalho em Brasília determinou a penhora de 30% do salário do deputado Luis Miranda. O motivo é uma dívida de R$ 35.553,95 que ele possui com uma ex-funcionária da clínica de estética Fitcorpus, fundada por ele em 2008.
Questionado sobre a medida, Miranda afirmou, por meio de nota, que desconhece a decisão.
Em 24 de abril, a Justiça do Trabalho já havia determinado o bloqueio de 30% do salário do deputado, para quitar uma outra dívida de quase 24 mil reais. Em 6 de maio, a Câmara dos Deputados informou à Justiça que cumpriu a ordem.
Além desses casos, o deputado também responde a quatro processos no Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) por suspeita de abuso econômico e compra de votos nas eleições do ano passado. Ele também teve as contas de campanha reprovadas e recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esclarecimentos ao DEM
Após a divulgação dos casos, o Democratas, partido do parlamentar, pediu explicações a ele. Na justificativa enviada à sigla, Miranda negou as acusações e disse que está pagando os investidores. O DEM está analisando as respostas.
Denúncias de golpes
Deputado federal é acusado de aplicar golpes milionários em seguidores nas redes sociais
No domingo (8), o Fantástico mostrou que Luis Miranda é acusado de aplicar golpes milionários no Brasil e nos Estados Unidos. A reportagem conversou com 25 pessoas que dizem ter sido vítimas dele. Onze gravaram entrevista. Destas, nove preferiram não se identificar porque disseram ter medo do parlamentar.
“Ele ficava com todo o lucro, praticamente. A gente dependia dele para o aluguel de máquinas e era onde realmente se ganhava dinheiro, que era com os equipamentos de laser”, afirmou uma das vítimas.
Para conseguir escapar da Justiça, Miranda tinha uma estratégia: nunca ser intimado. A TV Globo obteve um áudio gravado de 2013, no qual ele explicou o plano durante uma reunião com funcionários. O conteúdo foi anexado a um dos processos contra o parlamentar.
“Seria ludibriar, fraudar o sistema jurídico, pra gente ganhar fôlego pra poder criar metodologias pra ganhar dinheiro.”
O ponto principal da estratégia do deputado era mandar os funcionários da Fitcorpus dizerem que a empresa não funcionava no local em que realmente funcionava, quando o oficial de Justiça chegasse.
No áudio, o próprio Luis Miranda disse que a medida era “imoral”, mas admitiu que, assim, “a Justiça não pode fazer nada”: “Ela trava se ela não acha a empresa”
Versão do deputado
Após a divulgação do áudio, em vídeo enviado à TV Globo, o deputado perguntou “o que está de errado nisso”: “Eu estava orientando umas pessoas de que, se fossem à minha empresa, eu atenderia, iria obviamente dar a devida atenção e efetuar o pagamento, conforme o próprio áudio fala, daqueles que provavelmente a gente deveria”.
“Agora, nos casos em que era sacanagem, que o processo não era nosso, era de outro franqueado, esses eu não iria pagar. Claro que não. O que está de errado nisso?”
Desde sábado (7), quando foi entrevistado pela equipe do Fantástico, Luis Miranda nega todas as acusações.