
A maior parte do dinheiro dos países ricos seria destinada ao envio de aviões Canadair de combate a incêndios, segundo a agência France Press. O G7 também propôs uma assistência de médio prazo para o reflorestamento, a ser apresentada na Assembleia Geral da ONU no final de setembro. Para recebê-la, o Brasil teria que concordar em trabalhar com ONGs e populações locais, disse governo francês.
Pouco depois, pelas redes sociais, Bolsonaro disse que conversou sobre a Amazônia com o presidente da Colômbia, Iván Duque, e que não se pode aceitar que Macron “dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia”.
“Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia, nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma ‘aliança’ dos países do G-7 para ‘salvar’ a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”, postou Bolsonaro.

Bolsonaro questiona interesse de Macron em ajudar no esforço contra queimadas na Amazônia
Desde a semana passada, com a crise gerada pela alta das queimadas na Amazônia, Bolsonaro e Macron trocam críticas em declarações e entrevistas. O francês, por exemplo, disse que Bolsonaro mentiu sobre sua preocupação com a proteção do meio ambiente (veja mais detalhes abaixo).
Salles: ‘Medida bem-vinda’
Nesta manhã, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que a decisão da cúpula do G7 é “uma excelente medida, é muito bem-vinda”.
“Eu queria aproveitar inclusive para lembrar que desde 2005 o Brasil tem cerca de 250 milhões de toneladas de gás carbônico, mecanismo de desenvolvimento limpo, pra receber, e isso gera mais ou menos uma receita de US$ 2,5 bilhões. Então essa é também uma medida que nos pedimos que os países desenvolvidos, o G7, nos ajudem a quitar essa fatura do Protocolo de Kyoto, esse crédito que o Brasil tem, o que seria muito bem vindo para nós”, disse em um evento em São Paulo.
O ministro destacou que “quem vai decidir como usar recursos para o Brasil é o povo brasileiro e o governo brasileiro.”
Maia: ‘Não vejo problema’
Na mesma linha de Salles, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que não vê problema em o Brasil aceitar ajuda financeira dos países ricos. “Não vejo problema do Brasil aceitar ajuda nessa e em outras áreas, contanto que fique claro que a região amazônica, como todo território nacional, a soberania é do Estado brasileiro”, declarou ele, que participou de um seminário do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.
Após o evento, Maia disse que Emmanuel Macron tem razão em se preocupar com o desmatamento na Amazônia, mas o presidente francês cometeu excessos e, por isso, ficou isolado.
O presidente da Câmara afirmou ainda não haver ações concretas do governo de Jair Bolsonaro no estímulo às queimadas na região, mas disse que a forma como o presidente da República fala “pode gerar esse tipo de dúvida”.
Tereza Cristina: ‘É difícil controlar’
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, classificou as respostas do presidente da França como “oportunistas”. Segundo a ministra, ele “prejudicou a imagem do Brasil, que já não anda bem”, mas destacou a ação do encontro dos líderes do G7, que enviarão 20 milhões de euros como ajuda emergencial.
Para ela, é necessário que se fiscalize e preserve sem interferir na soberania do país.
Esforços de Macron
O presidente francês já havia anunciado, desde a semana passada, que os problemas na Amazônia seriam um dos temas debatidos na reunião de cúpula do G7, que começou sábado (24) e termina nesta segunda-feira em Biarritz, na França.
No domingo (25), Macron disse que havia convergência para oferta de ajuda do grupo aos países da América do Sul afetados por queimadas.
Na sexta-feira (23), o presidente francês havia ameaçado não ratificar o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul por conta de supostas mentiras do Brasil em relação aos compromissos de preservação ambiental. No entanto, no dia seguinte, Reino Unido, Alemanha e Espanha fizeram críticas a Macron e defenderam o acordo UE-Mercosul.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o país dele oferece ajuda ao Brasil com aeronaves que carregam água para ajudar nos incêndios.
Apoio de Israel
No domingo, o presidente Jair Bolsonaro conversou por telefone com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Após o diálogo, Bolsonaro anunciou que aceitou o envio de aeronaves de Israel com “apoio especializado para colaborar” nas ações contra as queimadas.
O presidente disse nesta segunda que conversou com “líderes excepcionais” sobre a situação na Amazônia e, sem citar nomes, afirmou que não falou com lideranças estrangeiras que desejam continuar “tutelando” o Brasil.
“Vinte e quatro horas por dia eu trabalhei, conversei com vários líderes de países, líderes excepcionais, que querem realmente colaborar com o Brasil. Não conversei com aqueles outros, que querem continuar nos tutelando”, afirmou.
Além de Netahyahu, Bolsonaro conversou nos últimos dias com os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Chile, Sebastián Piñera. Bolsonaro não teve diálogo com Macron sobre Amazônia desde o início da crise gerada pela alta das queimadas.
Trump ausente
Donald Trump não participou das discussões sobre mudança climática e biodiversidade que aconteceram durante o encontro da cúpula do G7 nesta segunda. Segundo Macron, o norte-americano estava em encontros bilaterais. Trump, no entanto, apoia os esforços para responder às queimadas na Amazônia, disse o francês.
“Ele não estava na sala, mas o time dele, sim. Não se deve interpretar a ausência do presidente americano… Os EUA estão ao nosso lado nos temas de biodiversidade e na iniciativa da Amazônia”, afirmou o presidente da França.
ONU quer a mobilização internacional
O secretário-geral da ONU, António Guterres pediu a mobilização da comunidade internacional para preservar a Amazônia. “Há um forte apelo, e espero que possamos mobilizar muito mais recursos para ajudar os países da Amazônia”, disse. É necessário, acrescentou, “uma forte vontade coletiva para preservar esse patrimônio universal, absolutamente essencial para o bem-estar da população mundial”. Informações do Uol e G1.