Ao menos 57 presos morreram nesta segunda-feira durante rebelião no Centro de Recuperação Regional de Altamira, a cerca de 800 quilômetros de distância de Belém (Pará). De acordo com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), ao menos 16 deles foram decapitados durante o conflito entre facções rivais. Os detentos chegaram a fazer agentes penitenciários como reféns, mas eles foram liberados após negociações com as autoridades. Parte das vítimas pode ter sido asfixiada depois que os presos atearam fogo a colchões dentro das celas, de acordo com as autoridades. A Susipe informou que a confusão começou por volta das 7h, durante o café da manhã. O Centro tem capacidade para 208 internos, mas contava com 311 pessoas presas no local.
Um confronto entre presos deixou ao menos 52 mortos no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, na manhã desta segunda-feira. De acordo com o governo paraense, 16 presos foram decapitados e os outros mortos tinham sinais de sufocamento. Os presidiários chegaram a fazer dois agentes penitenciários de reféns, mas estes foram soltos logo após o massacre. Segundo o governo, os assassinatos ocorreram durante uma briga entre duas facções que dividem o presídio: Comando Classe A e Comando Vermelho.
Integrantes do Comando Classe A aproveitaram o momento em que as celas são destrancadas no início da manhã, quando os presos tomam café da manhã, para invadir o espaço do Comando Vermelho. Depois de matar parte dos rivais, os integrantes da facção local atearam fogo no pavilhão. Nenhuma arma de fogo foi encontrada com os presos após uma revista feita na cadeia após o ataque, apenas artesanais. Os envolvidos na ocorrência foram isolados.
O secretário do Sistema Penitenciário, Jarbas Vasconcelos Carmo, afirmou após o ocorrido que a unidade abriga duas facções, o Comando Vermelho, originário no Rio, e o Comando Classe A, um grupo local. Segundo ele, este último “rompeu seu pavilhão e rompeu o do Comando Vermelho, foi um ataque rápido e dirigido com o objetivo de exterminar os rivais”. Carmo lamentou o ocorrido, e chamou o ataque de “inesperado”: “Nós não tínhamos relatório da nossa inteligência aportando um possível ataque, desta magnitude”, completou o secretário.
Relatos iniciais dão conta de que a maioria das vítimas seria integrantes da facção fluminense. O secretário disse ainda que foram encontrados “corpos decapitados e também outros mortos por asfixia”. “Não tiramos todos [os cadáveres] porque o local ainda está quente. É uma unidade antiga, em formato de contêiner”, informou. Por fim, ele afirmou que uma vistoria preliminar na unidade realizada após o massacre não encontrou armas de fogo no local, apenas “estoques”.
“Nós encontramos corpos decapitados e os outros mortos por asfixia. Não tiramos todos porque o local ainda está quente. É uma unidade antiga, em formato de contêiner, e esquenta muito”, afirmou.
De acordo com Vasconcelos, os relatórios do serviço de inteligência do presídio não apontaram nenhum possível ataque entre as facções. “Eles (confrontos) ocorrem no sistema como um todo e diariamente nós transferimos presos (para evitar)”, afirmou. Segundo o secretário, desde 2013 o governo constrói um novo complexo penitenciário em Altamira. A previsão para inauguração é dezembro de 2019.
Nos últimos anos a região Norte se tornou uma das principais linhas de frente de embate entre facções rivais, como o Primeiro Comando da Capital, criado em São Paulo, o Comando Vermelho, originário do Rio, e a Família do Norte, manauara. Como consequência, a disputa pelo domínio de rotas de tráfico e o recrutamento de novos filiados dentro dos presídios acabam levando a confrontos atrás das grades, que envolvem também grupos menores, como o Comando Classe A, do Pará. Há pouco mais de dois meses outro massacre prisional deixou 55 mortos no Amazonas em quatro unidades distintas. Não foi a primeira vez que o Estado viu um banho de sangue em seus presídios: em janeiro de 2017 foram assassinados 56 detentos no Complexo Penitenciária Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
A violência atrás das grades contrasta com a queda dos índices de letalidade fora delas. Nas ruas, acordos de paz firmados entre estes grupos criminosos na maioria dos Estados levaram à redução dos índices de homicídio no país, algo que já era verificado em São Paulo, onde o PCC tomou para si o papel de regular os assassinatos nas periferias do Estado. De acordo com dados do Monitor da Violência, a letalidade violenta no Brasil caiu 10% já em 2018, ano em que foram registrados 57.117 homicídios. Informações da BBC Brasil e do El País.